(Edifício "A Noite" - Rádio Nacional - 21. andar) --------------------
Li com prazer o interessantíssimo post “Homenagem ao Malandro”, produzido pela Helô, do Banana&Etc, em 03-02-2007. No link “Rádio Nacional” (décadas de 40/50) voltei no tempo ao ver citado, entre outros, o programa “Dr. Infezulino (*)”. A explicação está num texto que escrevi há anos. Se tiver paciência e gostar do assunto, acho que vale a pena ler tudo, desde o seu começo:
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“...Outro grande sucesso da Rádio Nacional era o programa Dr. Enfezulino, assim chamado porque o seu apresentador simulava um constante mau humor , sempre “enfezado”".
Havia um quadro nesse programa no qual os ouvintes enviavam quadrinhas inéditas enaltecendo as qualidades da Gordura de Coco Carioca, muito popular na década de 50. A metragem dos versos, porém, tinha de "encaixar" rigorosamente numa melodia já existente, imutável. Seria uma espécie de “jingle” feito em parceria: o programa entrava com a música, e o ouvinte, com a letra.”
“A produção selecionava as duas melhores que disputariam num dos próximos programas os prêmios de 600 cruzeiros para a vencedora, e 400 para a outra. As musiquinhas eram interpretadas por um ator e uma atriz do “cast” da emissora, mas cabia ao público presente no sempre lotado auditório da Rádio Nacional escolher, por aplausos, qual das duas seria a melhor.”
“Eu cursava a quarta série ginasial. Enquanto o professor ministrava a sua aula de Química eu inventava às escondidas uma quadrinha para concorrer a um dos dois prêmios. Rabisca aqui, apaga ali, acabou surgindo a “ideal”, a que enviei “À Rádio Nacional, Programa, Dr. Enfezulino”...
“Passados uns vinte dias aconteceu uma surpresa emocionante: ouvi a minha quadrinha sendo cantada no programa Dr. Enfezulino... Esperei... O auditório preferiu a outra, por isso fiquei em segundo lugar, com o prêmio de 400 cruzeiros, que me foi enviado via Vale Postal, semanas depois.”
“Não sei quanto valeriam hoje 400 cruzeiros, mas naquele tempo fiz um bonito terno cor de “café com leite” (“paletó dois botões”), comprei gravata nova e ainda paguei o ingresso da “matinê das 11” para uma garota minha vizinha.”
“O importante, o que marcou mesmo, independente de ser primeiro ou segundo, foi o grande orgulho que tive de ouvir meu nome indo ao ar para todo o Brasil “através das ondas queridas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro”, justamente numa era de ouro para a "radiofonia nacional"...
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( * ) Posso estar enganado, mas o nome divulgado na ocasião começava com “e”, e não com “i”.