16 abril 2021

O MEU MARACANÃ - Parte 5

 


Balizas

As balizas de madeira tinham formato quadrangular. Depois de algum tempo concluíram que eram um sério risco à integridade física dos jogadores. Adotaram então o formato cilíndrico, muito menos perigoso. E me parece que não eram de madeira.

 Bola

A bola de jogo, também chamada de “pelota” ou “balão de couro”, era realmente de couro. Mas em dias de chuva se confundia com a cor da lama avermelhada do barro que tomava conta de certas partes do gramado, especialmente onde atuava o goleiro. Então a bola se transformava, literalmente, numa “pelota”, exigindo de torcedores, árbitros e narradores esportivos atenção triplicada para não perdê-la de vista... Fotos e filmes da época mostram o problema. Em jogos noturnos rolavam exclusivamente as bolas branca. E eu me perguntava, e creio que milhões de torcedores também, por que não adotavam a bola branca para jogos diurnos? Isto felizmente acabou acontecendo em meados dos anos 60.

Outra coisa curiosa era a obrigatoriedade de se utilizar apenas uma bola durante os 90 minutos de jogo, sendo a troca permitida apenas nos casos em que esta se esvaziasse. Era uma festa para a torcida quando uma delas caía nas gerais ou nas cadeiras numeradas. Os torcedores se divertiam chutando-a de um lado para outro, até que alguém com bom senso, e boa pontaria, resolvia chutá-la de volta para o gramado. O público delirava quando junto com a bola ia também um pé de sapato ou de sandália do torcedor...

 O fosso

O gramado do Maracanã era separado das gerais por um fosso cheio de água em toda a sua volta. A finalidade era evitar invasões de campo. Com o passar do tempo nele se acumulavam sacos vazios de pipoca, papéis, pedaços de jornais, garrafas de vidro, sapatos de torcedores etc. Pelo que se sabe, houve apenas o caso de um invasor, um ladrilheiro durante o transcorrer de um jogo decisivo do Campeonato Carioca entre Vasco da Gama e Flamengo. Nunca se soube ao certo se o torcedor veio das gerais transpondo o fosso ou se já estava dentro de algum vestiário esperando o momento certo para entrar no gramado. O inconveniente é que com certa frequência a bola caía dentro do fosso, ocasião em que um garoto munido de uma espécie de puçá (usado para limpar piscinas) providenciava a sua recuperação de dentro da água. O jogo parava e as atenções se voltavam para a operação “resgate da bola”.

Evolução

A evolução das regras do futebol são processadas muito lentamente, e algumas somente são adotadas depois de vários testes em jogos não oficiais. Atualmente são usadas tantas bolas quanto necessárias, com os gandulas se encarregando de ao sair uma colocar outra imediatamente em jogo.

(Continua)

Foto: Blog Camarote Leonino