ÁGUA QUENTE NO INVERNO
(Árvores do cerrado - foto n/dig Adelino P. Silva)
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Fogão de lenha me lembra uma coisa curiosa: até o final da década de 40, início de 50, apenas as residências mais "chics" tinham o privilégio da água quente nas bicas (torneiras), e até nos chuveiros, pelo menos em algumas cidades do interior do Brasil.
No meu entender de criança que via aquilo com estranheza, o sistema devia funcionar assim: a água encanada (fornecida pelo município, clorada etc) circulava dentro de serpentinas de metal que passavam pelo interior do fogão. Aquecida, a água era levada aos “pontos” de consumo: chuveiro e cozinha. O princípio era o mesmo dos “modernos” aquecedores a gás, diferindo na origem e fonte do calor: uma, da lenha queimada no fogão, e outra, das chamas do gás fornecido por empresa pública.
E de onde vinham os “paus de lenha”? Eram cortados a machadadas no então desconhecido cerrado triangulino, queimados e vendidos aos metros cúbicos de porta em porta. Ninguém se preocupava com queimadas ou desmatamentos. Cerrado era o mesmo que "planta ruim, terra ruim", terra que "...em se plantando não dava nada...", diziam... Isso é outro assunto. Vamos à nossa água quente.
Ter água quente por este sistema era opção individual; tudo por conta e risco do proprietário da casa. A Prefeitura não tinha nada a ver com isso, não era serviço público, daí o privilégio de que falamos: só as residências mais sofisticadas usufruíam do sistema. As demais lançavam mão de chaleiras e baldes de zinco sobre as chapas do fogão. E no inverno, os “moradores de rua” (já existiam, mas com outros nomes) se agarravam mesmo era ao velho e eficiente (para eles) “cobertor de pobre”...
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Fogão de lenha me lembra uma coisa curiosa: até o final da década de 40, início de 50, apenas as residências mais "chics" tinham o privilégio da água quente nas bicas (torneiras), e até nos chuveiros, pelo menos em algumas cidades do interior do Brasil.
No meu entender de criança que via aquilo com estranheza, o sistema devia funcionar assim: a água encanada (fornecida pelo município, clorada etc) circulava dentro de serpentinas de metal que passavam pelo interior do fogão. Aquecida, a água era levada aos “pontos” de consumo: chuveiro e cozinha. O princípio era o mesmo dos “modernos” aquecedores a gás, diferindo na origem e fonte do calor: uma, da lenha queimada no fogão, e outra, das chamas do gás fornecido por empresa pública.
E de onde vinham os “paus de lenha”? Eram cortados a machadadas no então desconhecido cerrado triangulino, queimados e vendidos aos metros cúbicos de porta em porta. Ninguém se preocupava com queimadas ou desmatamentos. Cerrado era o mesmo que "planta ruim, terra ruim", terra que "...em se plantando não dava nada...", diziam... Isso é outro assunto. Vamos à nossa água quente.
Ter água quente por este sistema era opção individual; tudo por conta e risco do proprietário da casa. A Prefeitura não tinha nada a ver com isso, não era serviço público, daí o privilégio de que falamos: só as residências mais sofisticadas usufruíam do sistema. As demais lançavam mão de chaleiras e baldes de zinco sobre as chapas do fogão. E no inverno, os “moradores de rua” (já existiam, mas com outros nomes) se agarravam mesmo era ao velho e eficiente (para eles) “cobertor de pobre”...
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5 Comments:
Adelino, na minha casa, no interior de S Paulo, tínhamos no banheiro pendurado por uma carritilha, uma espécie de balde, que tinha na parte inferior um chuveirinho.
Usávamos uma lata de 20lts para esquentar a água no fogão a lenha, e aí cada um que usava parte da água, repunha, para que opróximo também tivesse água quente para o seu banho.
Enfim, nessa época, não tínhamos nem água encanada. Era de poço mesmo.
Um abraço
Hoje temos fogão à lenha aqui em casa. Não desmatamos nada,aproveito restos de madeira de construção(aqui tem muito). Só falta fazer o encamento de cobre que estána lista, assim que sobrar verba do orçamento, faço.
Grande abraço
Anna, a sua descrição foi perfeita. O que mais me impressinou foi a disciplina e o espírito de colaboração, de coletitivade, e até de educação manifestados no ato de usarem a água quente e repor a mesma quantidade daquela que tinham usado, para os que viessem posteriormente.
O "normal" (com exceções, claro) hoje, seria agir com "esperteza", com "malandragem": usar a água toda, e que "se vire" o próximo.
Um abraço, Anna.
PS - Eu me lembro do balde de zinco com um peso amarrado do lado, geralmente uma ferradura usada; a corda que o amarrava passava pela carretilha, e descia sob controle até o fundo do poço. Com o peso, afundava, enchia e voltava puxado... Uma vez veio um peixe dentro de um balde que puxei...
Adelino
Errata (Anna): *impressionou... e não "impressinou"
aps
Valter, e as panelas aí, são de ferro mesmo ou de alumínio? Boas recordações...
A mim cabia a tarefa de arrumar a lenha no "depósito", geralmente no porão da casa. O vendedor deixava na rua, e eu ia pegando. Uma vez dei de cara com um gambá em cima de uma pedra esquecida no porão durante a construção da casa.
Grande abraço, Valter.
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