18 abril 2021

O MEU MARACANÃ - Parte 8 (FINAL)


 “Padrão FIFA”

Não é uma crítica negativa. Conheci profundamente o antigo Maracanã (me refiro principalmente àquele das décadas de 50 e 60). E já compareci a uns cinco jogos no novo estádio “padrão FIFA”, portanto não me expresso por ouvir dizer. A maioria dos grandes estádios perdeu sua identidade. Todos são iguais, principalmente se vistos de dentro, inclusive o nosso. Pretenderam dar mais conforto aos torcedores, porém aconteceu o contrário. Se um espectador, cansado das cadeiras desconfortáveis, ficar de pé, vai obrigar ao que estiver colocado logo atrás dele também a fazer o mesmo. E assim vai, num senta e levanta durante todo o jogo. Conforme o local, ocupar a primeira fileira não é bom negócio. Vidros blindex cobrem parte do campo de jogo. Aconteceu comigo. A acústica é péssima. Som estridente e por vezes abafado. Não se entende o que o locutor está falando. E tem até animador de torcida...

Saudades do Maracanã 

Por isso tenho imensas saudades de um Maracanã que diziam eternamente inacabado, porém pacífico, humano, democrático. Das torcidas rivais que se misturavam pacificamente no lado oposto às cabines de rádio e TV, que ao final de um jogo de campeonato homenageava o vencedor fazendo ecoar pelas dependências do estádio o seu hino. Que não tinha cadeiras numeradas tais como num imenso teatro. Que permitia aos torcedores mais humildes incluir o Maracanã na sua folga de domingo, mesmo indo para o setor das gerais. Por isso tudo e muito mais coisas, hoje, quando passo pelas imediações do outrora belo Colosso do Derby, ecoam em minha memória os acordes inesquecíveis da bandinha do América, da Charanga do Jayme, dos clarins do Ramalho e até das populares canções de sucesso dos bons tempos de Lana Bittencourt, Paul Anka, Anízio Silva, Nelson Gonçalves, Ivon Curi... Um Maracanã mais ingênuo e romântico, autêntico, menos teatral, menos elitizado, enfim, menos digitalizado.     

(Final)

Foto: TNT Sport