27 janeiro 2007

QUE SERA SERA...


(Imagem Internet)
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Quem se lembra da doce Doris Day cantando Que Sera Sera na tela do Metro-Passeio? Poucos se lembram, claro. Eis o que publica hoje, sábado, a seção Há 50 Anos, Segundo Caderno de O Globo, página 11:

“DORIS DAY volta a conquistar o público brasileiro, agora com a valsa Que Sera, Sera, melodia do filme O Homem que Sabia Demais, principal chamariz do último disco da cantora-atriz. Este celulóide vem sendo exibido em São Paulo e dentro de breves dias estará nos cinemas do Rio. Doris Day é no momento uma das maiores vendedoras de discos no Brasil.”

Notas:
1 - Bem que eu poderia usar o YouTube, mas ainda estou aprendendo. Quem quiser ver a Doris cantando o Que Sera Sera já sabe o caminho;
2 - Ainda estou lutando com a nova versão do Blogger, nada mais sugestivo, portanto, do que o título desta postagem... E o da anterior também...

26 janeiro 2007

DESAFINADO...

(Imagem Internet)
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Certa vez, um pianista não conseguia dormir por causa de um galo que cantava durante o dia bem nos fundos de seu apartamento, um terreno baldio. Munido de coragem e diplomacia foi pessoalmente pedir ao dono do galináceo que o tirasse dali ou o colocasse em outro lugar.
- Tudo bem, vou tirar, mas o galo canta baixo, e o senhor com a janela fechada nem ouve nada. Não estou entendendo.
- É verdade, concordou ele. Mas o problema não é propriamente o volume do canto do galo...
- Mas se não é, qual o motivo, então? Posso saber?
- Pode: este galo não sabe cantar, canta desafinado... E eu passo o tempo todo e às vezes até a noite inteira tentando mentalmente transpor para uma pauta imaginária as notas musicais que ele emite tão mal... E não consigo... Acordo fatigado...

Claro que diante de argumento tão contundente e justo, o dono da ave, para tranqüilidade do pianista, levou o seu galo para cantar noutra freguesia.

Parece piada, mas não é. Este fato pitoresco é absolutamente real e aconteceu no final da década de 1950. O tal pianista (compositor e arranjador de música popular) era marido de nossa prima, e na ocasião moravam no bairro de Ipanema, Rio. Estaria aquele galo já influenciado pela Bossa Nova que despontava? Quem sabe?



25 janeiro 2007

PARABÉNS, SÃO PAULO

(Imagem internet)
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Certo dia, numa aula de Desenho, consegui reproduzir o prédio do Banco do Estado, na época, o maior edifício do mundo com estrutura de concreto armado. Ganhei 10, com louvor...
São Paulo "dispensa comentários", mas eu não... Por isso apenas "Parabéns a São Paulo e aos paulistanos".

24 janeiro 2007

O DIÁRIO DE GUERRA

(Imagem de autoria não identificada)
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Residimos dois anos e meio em Belém (PA) a serviço de uma empresa estatal. Um de nossos colegas, sr. Mourão, tinha sido jornalista do diário local Folha do Norte, além de ex-combatente na II Guerra Mundial, integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália.

Falava com muito orgulho do trabalho que realizara na Copa do Mundo de 1938, taquigrafando todos os lances dos jogos do Brasil narrados pelo rádio por Gagliano Netto, considerado o pioneiro dos narradores esportivos do país. O “jogo completo” saía no dia seguinte na primeira página da Folha, cujos exemplares se esgotavam em poucos minutos.

Mourão não tinha trauma e nem neurose de guerra, pelo contrário, até gostava de falar no assunto. Eu, curioso, não perdia oportunidade de lhe fazer perguntas sobre as experiências que vivera na frente de batalha. Um dia eu quis saber dele se durante um combate armado, ele tivera oportunidade de atirar num soldado inimigo e acertar o alvo. Ele respondeu: “Atirava num grupo de soldados que se movimentavam em meio a poeira, fumaça e bombas, e assim mesmo à grande distância. Nunca tive certeza – e nem queria ter - de que abatera um soldado inimigo. Eram jovens como eu, inimigos, sim, mas muitos estavam ali sem saber o motivo real daquilo tudo”.
Um dia eu lhe perguntei se escrevera crônicas ou mesmo um diário pessoal de guerra. “Crônicas, não. Mas desde o dia da minha convocação eu comecei a escrever um diário sobre minhas experiências na guerra. Pretendia publicá-lo por partes na Folha do Norte ou mesmo num livro, quando voltasse da Itália. A guerra acabou, e voltamos ao Brasil”

E encerrou: “No regresso, num dos portos o tumulto era grande, e ao passarmos de um navio para outro uma de minhas maletas contendo objetos pessoais caiu ao mar e naufragou, e com ela também o meu diário. Eu me lembro bem que desfilamos como heróis pela Avenida Rio Branco sob os aplausos da multidão. Havia muitas lágrimas de alegria. Eu tinha dois motivos para chorar: pela alegria da volta, claro, e pela tristeza da perda do meu “Diário de Guerra”.

São histórias pessoais aparentemente simples como esta, que muitas vezes ficam gravadas em nossa lembrança para sempre.

19 janeiro 2007

DEFININDO SAUDADE

(Natalie Wood - imagem da Internet)

Esta lindíssima crônica, cuja autoria foi atribuída - por equívoco - a Miguel Falabella é, na verdade, da grande escritora gaúcha Martha Medeiros. Está no livro de crônicas Trem-Bala, de sua autoria.
(Adelino P. Silva)
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A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
(Martha Medeiros)

18 janeiro 2007

TORRE MESBLA – PREVISÃO DO TEMPO

Acredito que poucos se lembram da famosa Torre Mesbla. Ficava no alto do garboso prédio dos Magazines Mesbla, na Rua do Passeio, Cinelândia, Rio de Janeiro. Tinha até um bom teatro no décimo andar, com restaurante, cinema e tudo. Quando o magazine encerrou as suas atividades, o prédio foi desativado. Já vimos notícias na imprensa de que estaria sendo restaurado, incluindo a Torre.

Não era uma torre comum. Nela, um grande relógio mostrava as horas do dia com uma precisão britânica. Mas o que chamava mesmo a atenção era o seu “sistema visual” que anunciava a previsão do tempo. Às 19 horas, de acordo com informações do Escritório de Meteorologia do Ministério da Agricultura, eram hasteadas bandeirolas cujas cores variavam conforme a previsão válida para as próximas 24 horas podendo, entretanto, haver mudança neste período por conta de uma “frente fria” inesperada... Naquele tempo, aliás, pouco se falava em “frente fria”, mas sim em “frente única”, mais quente...

As bandeirinhas podiam ser vistas de grande distância, principalmente dos edifícios comerciais das redondezas, e até mesmo pelas pessoas que transitavam pelas proximidades. À noite, o sistema funcionava diferente, com luz branca (tempo bom), vermelha (instável), negra (ameaçador). Claro que não tinham os recursos que esses serviços de meteorologia têm hoje, com satélites, balões etc, por isso as falhas mais constantes. Mesmo assim a previsão do tempo que estava lá no alto da Torre Mesbla era mesmo a que valia, a hora certa era certa mesmo, uma questão de tradição, credibilidade e respeito, talvez.

Ia me esquecendo do principal: os Magazines Mesbla distribuíam cartões aos seus clientes mostrando o que significavam as várias combinações formadas pelas cores das bandeirinhas hasteadas. No verso vinha o calendário do ano. Foi um desses cartões (imagem postada) que encontrei em meio às minhas “relíquias”, como bem define a nossa simpática amiga Helô, do Banana&Etc...

(Adelino P. Silva)

16 janeiro 2007

GENE TIERNEY


(Imagem da Internet)

Quando criança eu não perdia por nada os capítulos dos famosos seriados de Hollywood. Mais tarde, nenhum dos filmes em que atuava a linda atriz GENE TIERNEY (19/11/1920-06/11/1991. Embora sem muito talento, GENE foi escolhida pela crítica mundial como uma das artistas mais bonitas do cinema em todos os tempos. Alguém discorda?

NOTA: este post foi preparado às pressas para atender às reclamações do nosso estimado leitor VALTER FERRAZ, do perplexoinside
. Ele queria um post de qualquer coisa. Postar a imagem da GENE TIERNEY foi opção minha...
(Adelino P. Silva)

13 janeiro 2007

MEIO AMBIENTE

(Foto de APS, setembro/2006)

Por ocasião da Eco-92 (Conferência Mundial para o Meio Ambiente) realizada no Rio de Janeiro, ganhamos no stand da Austrália um envelope contendo sementes bem menores do que grãos de alpiste. Não olhamos de que eram. Ficaram guardadas durante algum tempo, até que, para dar-lhes um destino, resolvemos semeá-las numa caixinha vazia de margarina, cobrindo-as com uma ligeira camada de terra comum. Sem nenhum cuidado especial, por vezes apenas um pouco de água, ficaram ali por uns três meses.

Certo dia, observamos que daquele vasinho improvisado surgiam “troncos” com espessura de uma linha, uns vinte milímetros de altura, curiosamente encimados por duas folhinhas verdes ásperas, reluzentes. Nasceram muitos, lembrava uma floresta em miniatura. Como plantávamos sementes de quase tudo o que encontrávamos, não nos foi possível identificar que plantas seriam aquelas.

Arranquei uma de suas folhas e, apesar de um pouco de pena, esmaguei-a entre os dedos para melhor sentir o seu aroma. Não restava nenhuma dúvida, mesmo assim, para termos certeza, procuramos pelo invólucro original já que nele devia constar o nome científico, o modo de cultivo, prazo de validade das sementes, país de origem etc. Não o encontramos mais...

Bem, para encurtar a história, deixamos que todas crescessem mais ou menos até dez centímetros de altura. Dentre todas aquelas “arvorezinhas” escolhemos uma, não me recordo se a maior ou a mais bonita, mas foi aquela que plantamos diretamente na terra, ao ar livre.

Passados quatorze anos, o resultado foi um belíssimo pé de eucalipto, hoje com uns trinta metros de altura, cujas folhas balançam brilhando alegremente ao sabor do vento, da chuva e dos raios do sol.

É muita pretensão, mas costumávamos dizer com orgulho que “pelo menos uma coisa boa a Eco-92 tinha deixado para o Rio de Janeiro”: aquela majestosa árvore vinda diretamente da Austrália para enfeitar e espalhar o seu aroma por aquele nosso tão querido espaço verde...

Adelino P. Silva



10 janeiro 2007

REPORTAGEM “ATUAL”

(Imagem Airlines.Net)

“VASP 382, DESÇA A 7.000 PÉS, JÁ!
A ordem saiu rápida e num tom ligeiramente acima do normal. Mas um suspiro de alívio escapou da boca do controlador Ruy Ciarcilli quando percebeu o mergulho do Boeing 737 da VASP. O grande avião azul e branco que havia partido de São Paulo com destino a Campo Grande, desceu primeiro para 9.000, depois para 8.000 e, enfim, para o nível seguro de 7.000 pés (2.100 metros). Apesar disso, dois enormes círculos de suor se formaram em sua camisa. Menos de 60 segundos antes, o Boeing ficara perigosamente próximo de colidir com um 737, da VARIG, que chegava de Santa Catarina, a 3.000 metros de altura...”

“Os 737 estavam voando em rota de colisão. Só um homem percebeu que havia ainda 60 segundos para evitar o choque”

“(...) a calma que costuma reinar entre os controladores é apenas aparente. Como os trapezistas que dispensam a rede de proteção ou atiradores de facas de circo, eles estão entre aqueles raros profissionais que jamais podem errar. Isto faz com que uma grande parte dos controladores sofra de úlceras, stress e hipertensão. Alguns deles, com vários anos de serviço e incomodados por problemas gástricos, deixam em seus armários latas de leite em pó, tomadas disfarçadamente durante a jornada de trabalho...”

(Este relato parece coisa recente, mas não é. Trata-se de uma reportagem de Dalila Margarian, publicada na revista Playboy, novembro de 1988, Ano 14, n. 11, portanto há 18 anos).
(Adelino P. Silva)

09 janeiro 2007

Estressado?

(Imagem do card original: APS)
A nossa prezada amiga Helô, do Banana&Etc, costuma se referir a guardados iguais a este como verdadeiras relíquias. Numa época como a de hoje, de tantos cards, card isso, card aquilo que nos são oferecidos diariamente, encontrei numa gaveta um antigo card até certo ponto original: o stress card. Se não me engano foi distribuído como brinde por uma revista mensal (talvez já extinta) da década de 1970.

O stress card era (ou é) auto-explicativo. Simples: o interessado pressionava o polegar direito sobre o retângulo escuro, esperava 15 segundos e... pronto! O diagnóstico era mostrado imediatamente, sem erros - afirmavam os editores. Era só observar a cor que se fixava por algum tempo naquele espaço. Vejamos: negro => stress; vermelho => tenso; verde => normal; azul-claro => calmo.

Não sei se ele ainda funciona, mas pelo sim pelo não acabei de fazer um teste. Resultado: verde... Pode ser, porque finalmente consegui postar alguma coisa...

(Adelino P. Silva)

04 janeiro 2007

REENCONTRO...

(Gravura da Internet)

Há muito tempo, ganhei de uma tia que morava em Belo Horizonte um livro de capa vermelha, maleável, de nome Coração, de Edmundo De Amicis, traduzido do italiano. Eu o li por inteiro, embora fosse um livro triste para o meu gosto de menino, então com sete, oito anos de idade. Por isso não dei a mínima importância quando ele sumiu e nem fiz qualquer esforço para encontrá-lo. Entretanto, quarenta anos depois, achei escondidinho no canto de uma livraria um novo Coração. Era antigo, mas estava perfeito, parecia intocado. Dei uma olhada nele, li e reli alguns trechos, recordei a infância. Compro ou não? Fiquei na dúvida. Não, não comprei. Achei melhor devolvê-lo à estante de onde o tirara. Senti que apesar de transcorrido tanto tempo ele me parecia mais triste no presente do que era no passado...
Adelino P. Silva

02 janeiro 2007

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - I

(Capa da 1. edição - col APS)

Sempre gostei de histórias em quadrinhos. Acho que tomei gosto por elas quando minha irmã mais velha ganhou de seu namorado um livreto encadernado, capa colorida, medindo uns 30 x 60cm, que hoje chamam álbum, na época, almanaque. As ilustrações internas, em preto e branco, eram grandes, verdadeiras obras de arte, em média cinco por página (tinha quadrinho ocupando quase uma página inteira). O álbum - explicavam os editores, reproduzia, também em preto e branco -, as tiras diárias de FLASH GORDON NO PLANETA MONGO (de Alex Raymond, seu criador e desenhista), editadas de 1934 a 1939 no antigo Suplemento Juvenil do jornal A NAÇÃO.

Tempos depois, já adulto, tive a ingênua pretensão de tentar achar aquele almanaque nos grandes sebos do Centro da cidade. Só mais tarde soube que era peça raríssima e somente grandes colecionadores a possuíam. Fiquei frustrado. Em 1974, porém, por conta da chamada onda de Nostalgia, a EBAL (Editora Brasil-América Ltda) anunciou festivamente nos grandes jornais do país o lançamento da reedição do famoso almanaque do Flash Gordon, aquele mesmo que eu conhecera quando criança.

Uma curiosidade: a última contracapa dessa reedição era igual à da antiga. A primeira capa, entretanto, embora reproduzisse Flash Gordon e sua namorada Dale Arden numa pose semelhante àquela da edição anterior, era diferente. Eu percebi isso, mas pouco importava, o que me interessava era rever/reaver aquele almanaque maravilhoso. Mas a história não acabou por aí: Adolfo Aizen, proprietário da EBAL, um idealista sempre leal e honesto para com seus leitores, remeteu aos que já tinham adquirido a primeira reedição, uma sobrecapa exatamente igual à antiga... E com a explicação de que atendia aos "protestos” de um grande número de nostálgicos que lhe exigiam o clássico desenho do grande cartunista brasileiro, Jerônimo Monteiro Filho, autor da primeira capa...