17 abril 2021

O MEU MARACANÃ - Parte 6

 


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Logo abaixo das grades de proteção das arquibancadas cartazes emoldurados promoviam produtos e marcas como Coca-Cola, Brahma, Antarctica, Gordura de Coco Carioca, Gumex, Gillete, Philips, Ducal, Exposição, Sears, Mesbla, Tonelux, Shell, Casas da Banha, barbeadores elétricos etc. etc... No intervalo entre o primeiro e o segundo tempo, que por vezes durava vinte, vinte e cinco minutos, entravam duplas carregando cartazes de propaganda presos em ripas de madeira roliça apoiadas nos ombros. Exibiam propaganda de brilhantina, consertadores de óculos, cerzideiras e outros serviços. Percorriam uma volta completa em torno do gramado, cena que lembrava os filmes ambientados na selva, com os ajudantes levando a caça abatida pelos caçadores.

Tempos depois foi liberada a colocação de cartazes de propaganda nas laterais externas do campo. Viam-se cavaletes de madeira na altura dos escanteios ou no espaço próximo às balizas. E voavam sem rumo, caso ventasse forte... Era algo mais na base do amadorismo, nada ainda muito profissional.

Jogos noturnos

Entendemos perfeitamente que certas práticas só podem ser aperfeiçoadas e regulamentadas após observação cuidadosa de como funcionam no momento, quais as suas falhas e o que se pode mudar para que sejam melhoradas. Por exemplo: durante a cobrança de um escanteio ou falta, repórteres de rádio tentavam ouvir o goleiro colocando o microfone bem próximo de seu rosto. Os jogos noturnos, apesar de jogados com bola branca, tinham o inconveniente da câmera dos fotógrafos que cegava com seus flashes espectadores e jogadores. E geralmente no momento exato da marcação de um "tento". Atualmente possantes câmeras digitais filmam e fotografam até na escuridão.

Picolés, sanduiches e sorvetes

No andar mais alto do estádio, os bares, com visão para as arquibancadas, vendiam cervejas e refrigerantes em garrafas. Raríssimas, entretanto, eram brigas entre torcedores causadas pela ingestão de bebida alcoólica. E se houvesse alguma, entrava em cena a turma “da paz e do bem”. Caso não resolvesse, uma dupla de policiais carinhosamente apelidada de Cosme e Damião aplacaria o ânimo dos exaltados com argumentos mais convincentes. Vaiados pela torcida, constrangidos os brigões se acalmavam. E o espetáculo continuava. Enquanto isso, vendedores que traziam às costas uma caixa colorida contendo sorvete, picolés e cachorro-quente, transitavam com destreza no meio dos torcedores. Ninguém reclamava disso, pelo contrário, facilitava sua passagem. Felizes iam anunciando num só pregão, preço e espécie do recheio de sua iguaria: “Salsicheis!”, ou “Salsicha a seis cruzeiros...

(Continua)

Foto: Adelino P. Silva