O MEU MARACANÃ - Parte 4
Atendimento médico
Para atender a um jogador contundido, o “massagista” do clube entrava no gramado portando uma maleta quadrada de madeira contendo os medicamentos adequados. Se a lesão fosse mais grave, dois padioleiros, por solicitação do médico, entravam em ação para retirá-lo do local. Esses humildes profissionais se vestiam com muita simplicidade: calça de linho branco, camisa social para fora da calça e, por incrível que pareça, chinelo de dedo ou sapato social... Um detalhe: no verão os atendentes mais vaidosos enrolavam um lenço em torno do pescoço protegendo a gola da camisa do suor causado pelo calor de mais de 45°C à sombra. Outra cena que provocava muita risada era quando um jogador, por descuido próprio ou não, caía da maca... Escorregões dos padioleiros e massagistas menos cuidadosos ou menos atléticos eram comuns quando das chuvas mais intensas. Alguns chegavam a rolar pelo gramado. O pitoresco desses incidentes sem nenhuma gravidade tornava o espetáculo mais divertido do que o próprio jogo. Os locutores e repórteres de campo, quando da necessidade desses atendimentos, costumavam dizer que o “Departamento Médico tinha adentrado o gramado”...
Aspirantes
Mesmo em pleno verão, o jogo principal começava às 15h15
em ponto. A partida preliminar entre aspirantes (jogadores reservas que
aspiravam um dia chegar ao time titular) começava às 13h15. Brincava-se dizendo
que os jogos de aspirantes serviam para “esfriar o campo” para o jogo
principal... Menos racional do que hoje com as “paradas técnicas” para
hidratação dos atletas, e com as substituições permitidas até um máximo de
cinco. As regras oficiais da época não permitiam substituições, exceto uma, a do
goleiro em casos de contusão gravíssima.
A súmula era uma espécie de "ata” do jogo. Ainda no
vestiário, era assinada pelos que participariam do jogo. Um documento sagrado.
Na Copa do Mundo de 1950, por exemplo, um jogador da Iugoslávia feriu a cabeça
ao subir para o gramado. Como já tinha assinado a súmula, teve de jogar a
partida inteira com a cabeça enfaixada para não deixar sua seleção com dez
elementos. Atualmente o contundido mais seriamente é retirado num veículo
motorizado. Usam-se macas especiais carregadas por enfermeiros uniformizados até nos estádios mais modestos.
Foto: A Notícia na Hora (15/04/2021) (Ao fundo o jogador com a cabeça enfaixada)
1 Comments:
Pelo menos conseguimos postar a quarta parte. Falta, portanto, apenas mais 4. Vamos lá.
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