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Mais uma vez o meus arquivos me salvam no Tertúlia Virtual: encontrei o texto abaixo que rabisquei há muitos anos com o título original “Moedas na areia”. Com paciência talvez o leiam até o final.
Perto de casa, a uns 100 metros, periodicamente era armado o tão fascinante parque de diversões. Espalhavam areia pelo terreno, depois montavam a roda-gigante, o tiro-ao-alvo, a montanha-russa, os carrinhos de fazer e vender pipocas. A minha historinha tem a ver com esses carrinhos...
Motivo: eu costumava achar com uma regularidade impressionante moedas de 40 (400 réis) ou 50 centavos (500 réis) cobertas pela areia nos locais onde na noite anterior estacionavam as tais carrocinhas de pipoca. Se alguém deixasse cair moedas, estas, sem ruído algum, se aprofundavam na areia, e lá ficavam escondidas até que aparecesse alguém para achá-las. E esse alguém era eu... De manhãzinha eu sempre cortava caminho por dentro do parque quando ia célere em direção ao Grupo Escolar Minas Gerais.
Esse achado "milagroso" acabou se transformando num fato tão rotineiro que eu tinha a “ousadia” de muitas vezes sair de casa sem levar dinheiro algum para comprar o Gibi ou o Globo Juvenil. Dizia cheio de confiança: “Vou comprar o Gibi. O dinheiro eu “pego” lá na areia do parque...” E encontrava mesmo, tal a minha vontade de que isso realmente acontecesse.
Então comecei a entender o sentido do ensinamento bíblico “A fé remove montanhas”. E me perguntava na minha ingenuidade de menino: “Se a fé remove montanhas, por que não também um montinho de areia que escondia uma preciosa moeda de 400 réis perdida num simples parque de diversões?” Não só a fé, mas também O DESEJO de uma criança.
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Adelino P. Silva