ARTUR DA TÁVOLA (1936-2008)
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Artur da Távola tinha um carinho especial para com os seus leitores. Três historinhas reais para ilustrar o post:
1 - Certa vez, li uma crônica dele na qual descrevia a beleza de uma árvore de muita sombra, crescimento fácil, cujas folhas grandes adquiriam em certa época do ano cores vermelhas muito bonitas, ainda mais quando iluminadas pelos raios do sol. Eu não sabia o nome da árvore, fiquei sabendo por uma crônica do Távola: Amendoeira. Escrevi-lhe contando que tínhamos plantado uma semente da amendoeira, e que ela já tinha filhos, netos, bisnetos... Pois o Artur me escreveu dizendo ter gostado tanto que – se eu concordasse - publicaria minha carta na sua coluna do jornal O DIA. Claro que concordei: e foi o que aconteceu em março de 2003, ou seria 2004? Não importa, no momento.
2 - Outra: no Natal de 1978, gravei - por mero acaso e sorte - uma crônica natalina transmitida na manhã de 24/12 pela Rádio Globo, na voz do próprio Artur da Távola. 27 anos depois achei a fita cassete guardada. Eu a ouvi novamente, e transcrevi o texto completo. Mandei para ele. Mais uma vez Artur me surpreendeu agradavelmente: agradeceu comovido, mudou algumas palavras, afinal a crônica era dele. E me disse - por e-mail - que quando relia seus textos, se possível, sempre mudava alguma coisa. Publicou na coluna do Natal de 2004, 2005, não me lembro bem.
3 – Finalmente, bastou um elogio sincero a um trecho da crônica Ser Pai (2002), para que ele me enviasse o seguinte "bilhete eletrônico" até hoje em meus arquivos: “Caro Adelino: Quando alguém lê o que escrevemos ficamos felizes. Se gosta ou sente empatia, vibramos. E se ainda por cima, envia mensagem para dizer tudo isso, é demais! Gratíssimo. Artur da Távola.”
Pela inteligência e cultura, e acima de tudo pelo carinho e respeito para com as pessoas seus leitores e não leitores, lamentamos e muito a partida ontem do nosso "caríssimo amigo” Paulo Alberto Monteiro de Barros. Que ele descanse em paz.----------------------------------------------------------------------------------
Não o conheci pessoalmente. Fui apenas mais um de seus leitores assíduos quando Távola era crítico de TV e um cronista maravilhoso. Foi até um excelente político, tanto que se afastou da política há algum tempo.
Artur da Távola tinha um carinho especial para com os seus leitores. Três historinhas reais para ilustrar o post:
1 - Certa vez, li uma crônica dele na qual descrevia a beleza de uma árvore de muita sombra, crescimento fácil, cujas folhas grandes adquiriam em certa época do ano cores vermelhas muito bonitas, ainda mais quando iluminadas pelos raios do sol. Eu não sabia o nome da árvore, fiquei sabendo por uma crônica do Távola: Amendoeira. Escrevi-lhe contando que tínhamos plantado uma semente da amendoeira, e que ela já tinha filhos, netos, bisnetos... Pois o Artur me escreveu dizendo ter gostado tanto que – se eu concordasse - publicaria minha carta na sua coluna do jornal O DIA. Claro que concordei: e foi o que aconteceu em março de 2003, ou seria 2004? Não importa, no momento.
2 - Outra: no Natal de 1978, gravei - por mero acaso e sorte - uma crônica natalina transmitida na manhã de 24/12 pela Rádio Globo, na voz do próprio Artur da Távola. 27 anos depois achei a fita cassete guardada. Eu a ouvi novamente, e transcrevi o texto completo. Mandei para ele. Mais uma vez Artur me surpreendeu agradavelmente: agradeceu comovido, mudou algumas palavras, afinal a crônica era dele. E me disse - por e-mail - que quando relia seus textos, se possível, sempre mudava alguma coisa. Publicou na coluna do Natal de 2004, 2005, não me lembro bem.
3 – Finalmente, bastou um elogio sincero a um trecho da crônica Ser Pai (2002), para que ele me enviasse o seguinte "bilhete eletrônico" até hoje em meus arquivos: “Caro Adelino: Quando alguém lê o que escrevemos ficamos felizes. Se gosta ou sente empatia, vibramos. E se ainda por cima, envia mensagem para dizer tudo isso, é demais! Gratíssimo. Artur da Távola.”
Pela inteligência e cultura, e acima de tudo pelo carinho e respeito para com as pessoas seus leitores e não leitores, lamentamos e muito a partida ontem do nosso "caríssimo amigo” Paulo Alberto Monteiro de Barros. Que ele descanse em paz.
20 Comments:
Tínhamos aqui em SP uma visão distante dele, mas sempre as referências eram boas. Ele apresentava um programa, numa destas tvs senado ou câmara, sobre música clássica, muito bom. Ali ele falava para o leigo, explicava a música, os artistas , os instrumentos e sempre empolgado. Ótimo programa, infelizmente meio que perdido num canal que quase ninguém vê.
Adelino, seu post carinho foi lindo demais. Eu adorava as crônicas dele que serem foram ótimas. Beijocas
Adelino, uma bela homenagem ao Artur da Távola! Eu não tinha muita familiaridade com os textos dele... mas como o Peri, também as minhas referências eram boas.
A minha amiga Eugênia Franco fez em seu blog também uma bonita homenagem a ele. Tendo tempo, dê uma olhada em Eugênia Franco. Vou dar o seu link também para ela.
Beijos e um ótimo final de semana.
Pery, sabe aquelas perdas que nos chocam, entristecem, embora não sendo de parente próximo e nem amigo pessoal? Pois é, foi o caso do Távola. Uma cultura geral extraordinária, pelo que sei uma figura humana maior ainda. Uma biografia muito bonita.
Eu via o programa a que se referiu; tenho alguma coisa gravada, inclusive um deles em que "explica" o Bolero, de Ravel.
Um grande abraço e ótimo final de semana. Obrigado pela presença.
Yvonne, tenho vários livros dele. Escrevia simples, escrevia para seres humanos como nós. Ia fundo na alma dos leitores.
Eu gosto muito de sebos, e certa vez encontrei um livro de autoria dele, contendo uma longa dedicatória manuscrita a uma leitora que provavelmente teria sido sua amiga de infância. Pensei em achar a pessoa e devolver o livro... Como não foi possível, guardo-o como uma relíquia.
Obrigado pelo elogio ao post. Foi feito às pressas. Valeu a intenção.
Beijocas também. E ótimo fim de semana.
Sonia, já fui ler a Eugênia e já fiquei leitor certo. Ela reproduziu umas duas crônicas do Távola lindíssimas.
E a gente fica pensando: na ABL tem Sarney, mas não tem Artur da Távola. Uma pena.
Obrigado, Sonia, um abraço e ótimo final de semana.
Adelino, mais um motivo para discordar da "escolha" do0s imortais da ABL.
Artur da Távola fará falta. Cabeças lúcidas, sem estrelismos e com ideais, coisas raras hoje em dia.
Tenha um bom final de semana.
Forte abraço
É isso mesmo, Valter, o critério de escolha é estranho, mas o que interessa mesmo é o reconhecimento e o carinho dos leitores, e isso ele conseguiu.
Grande abraço,, ótimo domingo ao lado dos familiares.
Adelino
Gostava muito do que ele escrevia.
Beijinhos
Luci, ontem à noite vi na TV Senado uma entrevista excelente com ele. É impressionante coerência observada em suas atitudes na época da militância política. E teve uma outra no Conexão Roberto D´Ávila, ótima também.
Obrigado.
Beijos
Adelino,
por que será que a gente fica com uma sensação assim, de desamparo, quando um dos "nossos" se vai?
Conheci Arthur da Távola há anos (89, 90?)após uma palestra dele na Bienal Nestlé de Literatura, aqui em São Paulo.
Ele havia sido convidado por Ricardo Ramos, coordenador geral do evento, com quem tive o prazer e a honra de trabalhar e, terminada a sessão no palco, nos reunimos pra conversas informais, sem grandes -nem pequenos - compromissos.
Naquela noite, descobri em Arthur da Távola um coração generoso, e entendi a identificação dele com Ricardo, portador da mesma qualidade.
Lá pelas tantas, Ricardo disse que eu também escrevia crônicas. (Eu estava começando, no "Eatado de Minas", e você sabe dessas minhas aventuras, porque publicou, aí em seu espaço, minha homenagem ao Saldanha, desaparecido antes do tempo).
Ele poderia não ter dado importância à informação do Ricardo, quantos não fazem isso com iniciantes? Mas era realmente generoso.Quis saber de minhas espectativas, de minhas indagações, de meus temas. Quis ler alguma coisa, ali mesmo, no restaurante do Hilton, onde todos nos hospedávamos. Eu não teria algum texto comigo, publicado ou não? Não tinha. Que lhe enviasse, então. Queria ler, opinar, me escreveria. Deixou o endereço no bloquinho do hotel. Te juro que, se procurar, encontro esse papelzinho, entre guardados antigos. No entanto, nunca lhe enviei crônica nenhma, nenhum texto, livro algum. Se a generosidade dele parecia ilimitada, minha autocrítica sempre foi aguçada, graças, talvez, a meu pai, a minha mãe, aos cerrados mineiros, semi-áridos, semi-precários.
Ah, Adelino, escrevi demais, sinal de que minha autocrítica já não se encontra tão aguçada. Envelheço, não há dúvida.
Abraço carinhoso da
Vivina.
PS. Só mais isso: li a biografia do Saldanha. Comovente.
Vivina, é exatamente esta a sensação: desamparo. Soube da morte do Artur da Távola por e-mail de uma amiga, uma hora depois. Embora nunca tenha falado com ele pessoalmente (apenas por e-mails) parecia ser uma pessoa da família, amigo, agregador, generoso, como disse. Eu achava interessantíssimo como ele jogava com as palavras, descobrindo-lhes ou até criando origens não oficiais. Dê, por exemplo, uma olhada no blog da Eugênia Franco que lá tem umas das coisas mais bonitas que escreveu.
O seu depoimento foi muito bonito, e oportuno.
Aliás, Vivina, por que não um blog? Quantas experiências interessante você não tem para nos contar? Mãos à obra, garota. Vale a pena.
O seu comentário enriqueceu em muito o meu post feito às pressas.
Retribuo o seu abraço carinhoso. Apareça mais vezes.
Sempre gostei dos seus programas DIDÁTICOS sobre música clássica!
Vai fazer falta! Só morrem os bons!!!
Eduardo, didático mesmo, não sei se já disse que certa vez ele "explicou" aos telespectadores o significado de cada nuance do Bolero, de Ravel. Enquanto a orquestra tocava ele falava. Magnifício.
Grande abraço.
Ele tinha umas tiradas muito inteligentes, por exemplo: O ÁS NO VOLANTE É UM ASNO VOLANTE...
Adelino. Eu comecei no jornalismo cultural, no início dos anos 70, bebendo direto da fonte do que o Artur da Távola escrevia. E hoje tenho livros dele maravilhosos, um deles sobre o que é ser ator que considero uma bíblia de boa escrita, lucidez e respeito ao trabalho de quem faz arte.
Vou lamentar sempre esta partida.
abraços
Interessante, Maristela, há pessoas que têm de partir para sempre para que sejam reconhecidas. Tenho ouvido muitas pessoas que ficaram maravilhadas com a personalidade, a vida e a obra do Artur da Távola depois que viram e ouviram suas entrevistas, palestras etc reapresentadas pelos meios de comunicação. Sorte nossa que o conhecíamos de há muito, não é?
Abraços, muito obrigado pela sua presença, o que só aumenta a minha responsabilidade.
Gostaria de escrever alguns trechos de um poema escrito pelo grande Artur da Távola:
Amor Maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão,
É definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações:presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas, amplia-se com as ausências significantes.......
....Ele cresce na verdade, não precisa e nem quer nada do muito, acredita na vida sim, na sua completude;
e por isto é pleno quando se está juntos.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adultos e a forma adulta de ser sublime e criança.
É o sol do outono:nítido mas doce...,luminoso, sem ofuscar...,suave mas definido...,discreto mas certo.
Um Sol que aquece até queimar.
(Artur da Távola)
Maria das Graças, as suas linhas enriqueceram o post que dediquei ao grande Artur.
Um abraço
Parabéns por suas palavras sobre o Paulo Alberto Monteiro de Barros, o nosso "Artur da Tavola". Tive a honr e o grande prazer de conhece-lo pessoalmente, estar com ele várias vezes, principalmente quando do lançamento de seus livros e ter a grata satisfação de ter conhecido e conversado muito com sua mãe, Dona Magdalena que tinha especial carinho por mim por eu também ser filho único, como ele. É uma pena não poder contar mais com sua inteligência por esses lados onde estamos todos nós. Mas ele vive enquanto estiver sendo lembrado. Parabéns.
É verdade, Ancarsa, uma pena mesmo.
Um abraço, e obrigado pelo elogio.
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