CAÇA AO AEDES AEGYPTI
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Estava eu distraidamente folheando um “recente” exemplar da revista Eu Sei Tudo, de junho de 1917, portanto de “apenas” 91 anos de idade, quando me deparei com um artigo à página 87, ilustrado, interessante e oportuno. Dizia mais ou menos isto: no início do século passado, a cidade de Nova York era assolada por epidemias de “moléstias contagiosas”.
Os cientistas, após pesquisas intensivas, descobriram que as doenças eram transmitidas pelo mosquito. Eles sabiam disso, mas como fazer com que o povo também soubesse? Diz a revista que “seguindo a formula do phylosofo Locke” de que “nada consegue penetrar o intellecto, se não chegar a elle por intermédio dos sentidos”, a Repartição de Hygiene de New York mandou construir um mosquito “artificial”, milhares de vezes maior do que o "insecto" natural. E o expuseram à população, com o seguinte cartaz: “Eis o inimigo!”
Prossegue o artigo: “regiamente” pagos pela Prefeitura, aos domingos, atores e escritores famosos explicavam ao público como funcionava o processo de transmissão das moléstias através dos mosquitos, tempo de ovulação, locais ideais para reprodução, e o mais importante: as formas de combatê-lo até a sua destruição completa.O tal “mosquito gigante” cuja réplica era perfeita nos seus mínimos detalhes levou um ano e meio para ser “construído” gastando-se o equivalente a “oitenta contos de réis”...Consciente e motivada, a população teve uma colaboração primordial no auxílio a erradicação de várias moléstias transmissíveis pelo mosquito, evitando-se assim a ocorrência de novas epidemias. A matéria é "illustrada" com uma gravura comparando o tamanho de “insecto artificial” com o de um homem de altura mediana.
Voltemos ao presente. Uma sugestão para as nossas autoridades amantes de obras “chamativas” de véspera de eleição: por que não um exemplar do aedes aegypti gigantesco bem no meio da Cinelândia, ali próximo ao Passeio Público? E outro em frente ao Palácio Laranjeiras, outro em frente ao Aeroporto Tom Jobim? No meio da Lagoa Rodrigo de Freitas, flutuando todo iluminado o ano todo? E mais um em Brasília, da mesma altura do Memorial JK? Com tecnologias tão evoluídas a fabricação dos “aedes aegypti gigantes” hoje seria rápida, uns dois ou três por semana... De repente dá certo, quem sabe? Em Nova York deu...
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Imagem escaneada por APS da Revista Eu Sei Tudo Ano I - n. 1
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Imagem escaneada por APS da Revista Eu Sei Tudo Ano I - n. 1
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34 Comments:
Adorei. Tanta coisa para se fazer neste mundão e os caras se fazendo de cegos, surdos e mudos. Ops, mudos não porque abrem a boca para falarem m... Beijos. Boa semana.
Adelino,
pode até que pelo tamanhão do bicho ele venha a assustar os próprios mosquitos levando-os para bem longe, não?
Bom final de semana.
Forte abraço
Uma impotência tão grande ver que uma cidade perde para um mosquito, e saber que tantos perderam a vida.
Amigo Adelino, estou de casa nova, ainda engatinhando por novos sentires.
dias lindos
beijos
Márcia(clarinha)
Que coisa horrível essa epidemia! Assustador mesmo!
Sua idéia era capaz de dar certo, Adelino!
Obrigada pela nova matéria do Márcio. Eu sabia sim, você me enviou no ano passado uma outra máteria dele. Parabéns pelo sucesso do seu filho! Abraços!
Amei esta matéria...
Gostei da sua sugestão...
E aí vc não pegou né? Pois eu já, ano passado e hemorrágica...
É o caos...
Beijos meu amigo.
Adelino meu amigo, alguma cois aprecisa ser feita, e urgente.
Não é possível que pessoas vão continuar morrendo, e as nossas autoridades vão continuar de braços cruzados, como se estivessem impotentes.
Não estão e não são, o que acontece é que água ainda não lhes bateu na bunda. (desculpe).
Um ótimo final de semana.
Um beijo
Adelino
Não acho a idéia descabida. O povo não leva lá muito à sério essas coisas. Só levam à sério quando aparecem câmeras de tv, aí protestam, reclamam de governo e etc.
E com mosquitos, se o povo não se mexer e fazer o que é recomendável, nem se a NASA vier bombardear a cidade com inseticida, resolve.
Deviam convocar os artistas-escultores das escolas de samba, que encheriam o Rio de macro-mosquitos, até batendo asinhas.
Pois é, Adelino,
certamente isso, uma campanha envolvente e que desperte a atenção e o medo - porque não?(no caso, mais medo) - deveria ter sido feita há muito tempo. Mas, pelo menos, valeria para o próximo ano, pois se nada for feito nesse sentido, ano que vem a coisa será desesperadora.
Abração
fernando cals
+Adelino, gostei deste teu post...vc me empresta?
Andréia, fazem as besteiras e depois vêm pedir desculpas ao povo. Lamentável. E mais lamentável ainda, Andréia, é que, orgulhosos, demoram a aceitar ajuda de outros governos.
Beijos, e ótima semana para você.
Se acontecesse isso, seria maravilhoso, Valter. Vencê-los pelo medo.
Grande abraço. Ótima semana para vocês.
Márcia, parece que retornamos aos tempos coloniais. Vou logo visitar a sua casa nova. Pode deixar.
Dias lindos para você também.
O pior, Sonia, é que parece que a coisa está se alastrando pelo resto do país. Sabe-se de muitos casos em todos os estados.
Li outro dia que quando da epidemia de febre amarela no Panamá há muitos anos, a solução foi isolar os pacientes já com os sintomas. Isto, segundo o artigo, porque se um mosquito sadio picar uma pessoa infectada, automaticamente o inseto sairá por aí fazendo estragos em outras. A epidemia panamenha, ainda segundo o tal artigo, foi contida desta forma.
Obrigado pelos elogios, Sonia, e ótima semana para você.
Elizabeth, felizmente não. Deve ser muito desagradável mesmo.
Beijos. E ótima semana.
É verdade, Ana. E é incrível a vaidade e orgulho dos nossos governantes, renitentes a ajuda oferecida por outros estados, simplesmente porque pertencem a partidos adversários. Quer dizer, a politicagem está acima do bem estar da população? Nessas horas não se recusa nada. E se agissem assim, com certeza absoluta obteriam maior simpatia e credibilidade da população.
Um beijo, Ana, e excelente semana para vocês.
Peri, é por isso que às vezes exponho umas idéias meio radicais. Lembro-me muito bem quando aqui no Rio, mais propriamente no Aterro do Flamengo, eram comuns acidentes de trânsito pelas pistas de alta velocidade. O então Diretor de Trânsito, Cel. Celso Franco, colocou ao lado das pistas um carro totalmente "sanfonado" em virtude de um acidente. Aquilo chamava a atenção do motorista. Nós mesmos, quando presenciamos algo assim, procuramos dirigir com mais cautela ou redobrar a nossa atenção. Resultado: o índice de acidentes ali no Parque do Flamengo reduziu em muito.
Há uns três anos alguém, não me lembro bem que autoridade, deu essa idéia. Veio uma chuva de críticas em cima dele. Psicólogos, sociólogos, pedagogos foram contra. O que é isto? Chocar a população? Nada disso. O Cel. Celso Franco fez aquilo, os resultados foram ótimos, e ninguém reclamou. Os tempos eram outros. Não se discordava por discordar.
Quem sabe, então, réplicas de AEDES EGYPTI gigantescos espalhados pela cidade, não daria uma "chacoalhada" numa parcela da população mais acomodada?
Grande abraço, Peri. E ótima semana.
Então, Fernando, se tiver paciência, dê uma olhada no que escrevi para o caro Peri, no comentário anterior. Talvez você se lembre disso. Creio que sim.
Tem certos casos que tem de chocar sim a população. "Sacudir", meter medo.
Mas tem a parcela da população que é consciente do problema. Fiquei sensibilzado vendo ontem um senhor tendo o cuidado de secar as beiradinhas da porta de aço de seu estabelecimento. Eu fiquei olhando e ele me explicou o motivo daquilo.
Um grande abraço, Fernando. Feliz coma sua presença marcante. Ótima semana.
Meire, claro que empresto. Empresto não, dou... É seu. E a honra é minha por você ter gostado do post.
Beijos, obrigado, e ótima semana.
Adelino,
O mosquito está na frente...Saudades de Oswaldo Cruz...lá no início do século passado ele já alertava e agia em prol da saúde pública, daí a Fundação com seu nome...beijos e muita acerola, vitamina C, inhame, e o que mais puder pra gente ficar com o sistema imunológico bem forte e resistente pra nos proteger a cada dia,Vivi Amorim
Adelino,
interessante esta sua postagem. Para quem mora no Rio utilíssima!
Deve estar muito ocupado matando mosquitos que nem nos respondeu o CONVITE para o Quem conta um conto...
Abraços,
Continuamos aguardando!
Vamos dar risada que é melhor,ADELINO.
Abração!
é mesmo inacreditável as coisas que ainda acontecem em nossos dias.
Aqui no Rio Grande do Sul não tivemos nenhum caso adquirido aqui mesmo, todos foram "importados" do Rio, e foram poucos.
As autoridades parecem estar atentas, vamos ver...
Estou acompanhando e orando por vcs.
Beijos
Tem razão, Adelino, todos os meios são bons para tentar acabar com esta doença.
Um abração.
Viviane, é verdade, Oswaldo Cruz teve muito trabalho para provar que estava certo. Gostei da sua receita, especialmente da acerola. Felizmente parece que a coisa está se amainando um pouco. Basta não chover por uns dez dias consecutivos. E, claro, as autoridades sanitárias tomarem providências sérias para o ano seguinte, e a população colaborar também, não é?
Beijos.
Eduardo, acho que já aceitei o convite sim. Confira lá e me confirme. Depois quero saber como funciona, quero ver o "estatuto"...
Felizmente os mosquitos aqui não têm vida boa não, Eduardo.
A propósito, o blog da Luci Lacey foi citado pelo Gravatá por causa do sistema anti-dengue mostrado por ela. Pensei em fazer um pra ver se funciona.
Grande abraço, Eduardo.
É mesmo, Do, tem certas situações em que rir ainda é o melhor remédio. Ainda bem que os aedes egypti devem estar morrendo de dar risadas dos prefeitos e governadores...
Grande abraço
Mas, então, Jeanne, fica a dúvida. Seriam "cariocas da gema" os aedes egypti daqui?
Eu não acho inacreditável não, Jeanne, neste país nada é inacreditável. Estamos nos superando a cada dia em matéria de ignorância, de demagogia, de descaso, de desperdício, de conchavos, de tudo. É um salve-se quem puder, e nem se pede ao último que sair que apague a luz; deixa acesa mesmo.
Obrigado, Jeanne.
Beijos
Maria Augusta, há males que vêm para bem. Talvez para a próxima temporada de verão já tenham tomada algumas medidas preventivas mais eficientes. Esperamos.
Maria Augusta, não existe aquela campanha do Criança Esperança, que movimenta artistas e toda sociedade? Não seria a hora da Rede Globo promover alguma coisa semelhante? Uma campanha maciça de 48 horas? A turma toda ensinando a população a se prevenir, acabar com os focos, etc. Aposto, baseado na enorme popularidade dos artistas e da Rede Globo, que o resultado seria muito satisfatório. É apenas uma opinião.
Um abração pra você também.
NOTA: por distração eu andei escrevendo nos comentários o nome errado do mosquitinho, nosso "amigo" AEDES AEGYPTI. É o certo. Desconsiderem o errado.
Obrigado
"Há É egisto?
Construâmos "mosquitinhos" gigantes.
Acredito que vá dar resultados "ecepicionais".
Porque?
Apenasmente porque quando o "polvo"(manietado pela "gnorânça") atinar que pelo que foi gasto na "construção" dos aÈdes monstrengos daria prá acabar com todos os mosquitos do meu,teu,nosso e "deles" BRASIL e, até, das múmias do Egito, se revoltaria contra as "ôtoridade" que deveríam estar atentas.
Strix,voltando.
Feliz retorno, Strix, seja bem-vindo.
Um abraço.
Strix, o "Anônimo" sou eu...
Abraços
A história é mais ou menos como a do lixo e da chuva, meu post da semana passada. A maior parcela de culpa pela epidemia recai sobre a população que não cuida de sua casa, imaginando que o mosquito não é de nada. Depois cobram soluções políticas. Prevenir é melhor do que remediar, não é de hoje que ouço isso, e é a pura verdade!
Abraço!
Célia, concordo em parte com o seu comentário. A população tem sua parcela de culpa sim, mas os governantes têm muito mais quando criam nos menos esclarecidos a idéia de que qualquer iniciativa tem de partir dele, governo. Estão mal acostumados com as ajudas que lhe são dadas através do bolsa-isso, bolsa-aquilo, bolsa-bolso, daqui a pouco bolsa-dengue etc. É claro que exceções existem, e são maioria.
Célia, eu recebia em casa um daqueles rapazes fiscais que examinam ralos e bandejas de plantas à cata de focos de mosquitos. Um trabalho que faziam com orgulho e dignidade, eu notava isso neles. Meses depois soube que o governo, não sei se Municipal, Federal ou Estadual tinha dispensado quase todos eles.
Felizmente, Célia, eu acho que está surgindo uma geraçãozinha que está tomando consciência dos problemas. Outro dia ouvi uma mãe contando que a filhinha havia lhe pedido que não deixasse a torneira aberta, pois chegará um dia em que a água será realmente o "precioso líquido". E crianças na rua passando os pés sobre poças dágua para que possíveis larvas do aedes aegypti não sobrevivessem.
Beijos
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