A SEXTA-FEIRA SANTA JÁ NÃO É A MESMA...
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Como mudaram os costumes... No meu tempo de criança a Sexta-Feira da Paixão (ou Sexta-Feira Santa) era um dia rigorosamente respeitado pela grande maioria das pessoas: não se comia carne, falava-se baixo (quase sussurrando), trabalhava-se em coisas leves. Falar palavrão ou até barbear-se, nunca. Era data muito especial, predominando um clima de clausura, meditação, recolhimento e muita devoção, estimulado pelas estações de rádio executando somente músicas sacras e eruditas. Quem fosse ao cinema assistiria inevitavelmente ao tradicional e já antigo filme A Paixão de Cristo, em preto e branco. Era dia de muita paz e recolhimento.
A Rádio Nacional do Rio homenageava a Sexta-Feira Santa apresentando todos os anos a radiofonização da “Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo”, começando ao meio-dia e terminando as quinze horas. Do quintal de casa, onde nos distraíamos com brincadeiras intencionalmente tranqüilas e silenciosas, podíamos ouvir de longe o eco do “Sermão das Sete Palavras” proferido pelo Bispo Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, figura respeitadíssima na cidade e em todo o Brasil Central. O sermão terminava exatamente as quinze horas, momento em que, segundo os Evangelhos, teria ocorrido a morte física de Jesus Cristo.
Hoje é diferente: as pessoas fogem para as casas de praia e de campo, jogam futebol, promovem churrascos regados a refrigerantes e bebidas alcóolicas. A Sexta-Feira Santa já não é tão santa quanto antes; é pretexto para um esticado feriadão que começa na quarta-feira à tarde e acaba no domingo seguinte, o Domingo de Páscoa...
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A Rádio Nacional do Rio homenageava a Sexta-Feira Santa apresentando todos os anos a radiofonização da “Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo”, começando ao meio-dia e terminando as quinze horas. Do quintal de casa, onde nos distraíamos com brincadeiras intencionalmente tranqüilas e silenciosas, podíamos ouvir de longe o eco do “Sermão das Sete Palavras” proferido pelo Bispo Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, figura respeitadíssima na cidade e em todo o Brasil Central. O sermão terminava exatamente as quinze horas, momento em que, segundo os Evangelhos, teria ocorrido a morte física de Jesus Cristo.
Hoje é diferente: as pessoas fogem para as casas de praia e de campo, jogam futebol, promovem churrascos regados a refrigerantes e bebidas alcóolicas. A Sexta-Feira Santa já não é tão santa quanto antes; é pretexto para um esticado feriadão que começa na quarta-feira à tarde e acaba no domingo seguinte, o Domingo de Páscoa...
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25 Comments:
Adelino, eu que sou do tempo em que na Sexta-Feira da Paixão não se batia um prego sequer e as rádios tocavam seu "suplemento especial", fico por aqui, "rezando" para que os hereges venham com calma e comedimento curtir sua praia. Sei que minhas preces não serão ouvidas, dado que o barulho dos funks, créus, bondes e afins serão bem mais altos que as orações, aguardo ansiosamente que chegue a segunda-feira, pois como diziam "naquele tempo": é dia de branco.
Feliz Páscoa para voce e família.
Um forte abraço
Páscoa é renascimento, é recomeço.
É uma nova chance para melhorarmos
as coisas que não gostamos em nós para sermos mais felizes por conhecermos a nós mesmos mais um pouquinho. É vermos que hoje somos melhores do que fomos ontem. Feliz Páscoa, cheia de paz, amor e muita saúde!
Beijinhos com sabor de chocolate!!!
Adelino
Sou deste tempo.
Minha mae falava baixo tambem, neste dia, nao ralhava e nem dava uns tapas.
Tinha um medo neste dia, que nem sei explicar/
Mas, fui uma menina levada, aproveitava e fazia algumas artes, junto com os irmaos e primos.
Mas, isto era temporario, porque no outro dia, minha saudosa mae, descontava o atrasado em cima de nos.
Adelino, Feliz Pascoa para vc e familia.
Beijinhos
Adelino querido, não se preocupe. Eu divido meu blog com pessoas queridas (como vc) q comentam me confortando, incentivando e dando conselhos. Como é um blog onde eu conto minha vida nova depois de casada, deve ser meio estranho aquele clube da luluzinha...rsrsrs. Não se preocupe, não se acanha. São todas muito legais e vc é sempre muito bem vindo. O Blog do Matheus é um blog de um bebê muito lindo, a mamãe dele divide a infância dele com a gente e me prestigia com comentários super legais. Vc é o único mocinho a comentar em meu blog, mas igualmente especial e querido.
Não sinta-se obrigado a comentar sempre não, apenas qdo desejar. Mas sinta-se imensamente convidado a compartilhar as minhas histórias lá tb. Vc é sempre bem-vindo, comentando ou não.
Ah, e eu adoro o seu blog. Gosto das experiências de vida q encontro aqui. Virei fã. Mais uma vez, feliz páscoa pra vc e seus familiares.
Fique com Deus.
Beijo!!
Uma volta para o passado, este seu post, Adelino! Me lembro que quando eu era criança, esse dia era mesmo" Sagrado". Não se ouvia rádio, não se ia ao cinema! Me lembro bem que numa sexta-feira santa eu por insistência de uns primos, fui ao cinema e me senti ao mesmo tempo culpada e ao mesmo tempo corajosa, pois havia enfrentado uma proibição! Coisas da juventude!
Uma Feliz Páscoa para todos vocês!
Beijos, inclusive para a minha amiga Claudia!
É mesmo, Valter, tinha também isso de não martelar nada, falar baixinho, jejuar, fazer retiro espiritual. Todas essas tradições foram sumindo aos poucos. Uma pena. Parece que as coisas eram melhores.
Grande abraço, Valter.
Taty, muita gente fala mal de datas comemorativas, que não é bem o caso desta Sexta-Feira, mas bem ou mal, elas nos levam a refletir um pouquinho mais, a ter mais boa vontade para com o próximo, a falar com pessoas, com parentes, a relembrar fatos curiosos. Enfim, ainda que ínfimamente, contribuem para a união familiar, seja em casa, na praia, no campo.
Taty, quanto aos chocolates, o negócio é não abusar. Segundo sei, veterinários e gastroenterologistas faturam alto nas segundas-feiras seguintes à Páscoa... É brincadeira.
Beijos, e obrigado
Luci, ótimo comentário. O "castigo" era cumulativo. Valia para o sábado. Sexta não, sábado. E em dobro... E esquecemos de falar do Judas, coitado: o padeiro da esquina, o seu Manuel da quitanda, o açougueiro, o Síndico...
Beijos, Luci, e ótima Páscoa.
"(...) Vc é o único mocinho a comentar em meu blog (...)" (Taty)
Taty, pode estar certa de que eu contribuo e muito para que a idade média dos seus leitores não fique abaixo dos 40 anos... Em espírito (conversa fiada esta...) até que não acontece isso...
Falando sério agora: obrigado pelos elogios. Ah, tem um detalhe: e eu pensava que o Matheus era um blogueiro adulto, e quando acaba é um lindo bebezinho... Ficou pior a emenda que o soneto...
Beijos, Taty, e tudo de bom. FELIZ PÁSCOA.
É, no meu tempo também,rsrsrs...se bem que eu nao gostava muito, queria que o dia acabasse logo, ficava muito chato! Mudanças são boas, o problema é que hj em dia partiu-se para o extremo oposto, liberou geral, e não estavamos preparados para tanta liberdade.
Na doutrina espirita nao temos rituais nem comemoraçes, domingo de páscoa estarei trabalhando com as crianças na Evangelização.
Por isto já inicio a 2a parte do comentário que é com relação à maneira de orar, como nao temos rituais, não temos orações para serem decoradas, cada um reza à sua maneira, em pensamento de preferência, e com muita vontade de conectar-se ao criador. Para o espiritismo o pensamento é a chave de tudo, seguimos o Orai e Vigiai pregado por Jesus, quer dizer, orar (conectar-se ao criador) e vigiar os pensamentos.
Com estes cuidados, voltando-se para o bem com a prática da caridade, nem precisa mais orar que os benfeitores irão ajudar.
Para mim, estar em contato com a natureza admirando a obra do Criador e agradedendo o momento é a mais bela oração.
O assunto é muito longo, espero ter atendido em parte tuas dúvidas, porque muitas ainda as tenho(nunca sei se "Ele" está me escutando mesmo!)rsrsrs...
Beijos
Mas Sonia, aconteciam casos inexplicáveis. Eu mesmo fui protagonista de um, juntamente com meu irmão mais velho.
Vou contar: tinha um circo e um parque instalados numa pracinha a uns 50 metros de nossa casa, virando a esquina. Era só descer a rua e estávamos lá. Numa Sexta-feira Santa, enquanto nossos familiares e vizinhos conversavam sentados ao ar livre à porta de casa (hábito muito comum no interior de antigamente), meu irmão e eu "fugimos sorrateiramente" e fomos ao parque. Chegando lá, passados uns dez minutos, desabou uma chuva torrencial. Corremos para casa totalmente ensopados de água da chuva. Mas para surpresa nossa, tinha chovido somente em cima do parque e do circo. O resto estava sequinho, inclusive os nossos familiares e vizinhos. Claro que ficaram espantados vendo-nos molhados dos pés à cabeça. E adiantava alguma explicação?!...
A Claudia agradece e retribui sua gentileza. Beijos de todos, Sonia, e FELIZ PÁSCOA.
Jeanne, como disse, os tempos mudaram com muita rapidez e radicalmente. Às vezes até para os jovenzinhos é difícil acompanhar essas mudanças.
Gostei das suas explicações sobre o ato de orar. Segundo Lauro Trevisan no seu livro O Poder da Oração, a repetição das palavras em nossas orações da forma tradicional dos Católicos, reforça o nosso desejo mental de alcançar determinado objetivo, ou seja, a mente tem um poder muito acentuado nos resultados porventura obtidos. Então, existe uma relação estreita entre o orar da doutrina espírita e das não espíritas, pois ambas se utilizam, ainda que inconscientemente, da força mental. Não sei se seria isso, Jeanne. Quanto ao fato de o contato com a Natureza ser a melhor forma de reconhecer a existência de Deus, e reforçar, portanto, o poder de nossa oração, não tenho nenhuma dúvida.
Jeanne, muito obrigado, um beijo, uma Feliz Páscoa, e ótimo final de semana.
Adelino meu amigo, era assim mesmo.
Dia em que as vassouras não seriam usadas. Dia de jejuar até que o relógio batesse meio dia. Até então apenas água.
Mas independente de tudo isso que se fazia, por costumes e tradições, o mais importante era o respeito que pairava no ar.
Uma data triste e respeitada.
Que você com seus filhotes tenham um lindo domingo de páscoa, cheio de alegrias.
Um beijo
Ana, esses verdadeiros atropelamentos de certas tradições e comemorações começaram, no meu entender, no final da década de 1960, quando os meios de comunicação se expandiram muito, levando aos "grotões" (como diziam Tancredo e Ulysses) costumes já um tanto corrompidos dos grandes centros urbanos. E foi assim: a Sexta-Feira´não passa de uma simples notícia nos jornais da TV. E a coisa pegou de tal forma e tinha tal força, por exemplo, que hoje, por motivos comerciais, o Carnaval acaba na segunda-feira... E olha que o Carnaval mesmo era na terça-feira, tão animada que era chamada de Terça-Feira Gorda de Carnaval...
E os ovos de Páscoa e bombons? Hoje, sábado, são disputados a peso de ouro.
Ana, muito obrigado. FELIZ PÁSCOA para vocês. Um beijo
Adelino, não foi a Sexta-feira Santa que mudou. Eu consigo enxergar diferente, ou seja, como é vista, sentida e vivida hoje em dia, é um efeito. E a causa é exatamente o fato da Igreja não ter evoluído para que pudesse entender a juventude e assim mantê-la interessada pela doutrina. Aqui é o ponto crucial. Mesmo as doutrinas precisam evoluir, de forma inteligente, sem fugir dos seus preceitos, mas com uma nova visão interpretativa, de conformidade com as mudanças dos tempos. A Igreja parou em si mesma. Se não veio junto, não condeno as gerações mais recentes. Feliz Páscoa pra você e sua família. Abraço fraterno.
Adelino, lembro que quando era criança na sexta-feira santa não se comia carne vermelha, minha avó jejuava e era um dia de recolhimento. Isto mudou muito, por exemplo aqui na França nem é feriado, e a Páscoa é comemorada na segunda-feira e não no domingo...
Abraços e Boa Páscoa.
Ery, não me canso de admirar as sua capacidade de ver o outro lado das questões.
Por tradição de educação em colégio de religiosos e de família mesmo, às vezes vou à Missa. Fico admirado de ver jovens que aparentam alguma cultura assistindo ou participando contritamente dos rituais com o maior respeito e concentração. Percebe-se logo que não estão ali por obrigação pessoal ou por imposição superior. São poucos e cada vez menos. Eu acho, Ery, que se é tradição é tradição. Não se deve mudar muito. Aí acaba de vez.
Posso estar errado, mas acho que as pessoas é que têm se adaptar às tradições e não as tradições a elas. E não critico quem a elas não se adaptem. Apenas lamento, quem sabe movido por um sentimento nostálgico. Como disse você, a Sexta-Feira não mudou. O que mudou foi o modo de encará-la, de respeitá-la, de comemorá-la. É claro que o número de pessoas que respeitam essa tradição vai diminuindo com o desaparecimento dos "conservadores". E um dia, que não me parece tão longe, talvez a Sexta-Feira Santa nem seja apenas diferente se adaptada aos costumes modernos, mas simplesmente não mais seja comemorada. Apesar dos pesares, Ery, ainda acho que existem coisas piores por aí, de um radicalismo ululante, como diria o Nelson Rodrigues.
Grande Ery, muito obrigado, bom resto de Páscoa, e início de uma semana inteira.
Maria Augusta, as recomendações, proibições, quase imposições eram muitas. Eu não defendo a tese de que estavam certas, apenas constato um fato que era realidade no passado. E por que não dizer que dele temos saudade, não é? Já imaginou um DIA MUNDIAL DO SILÊNCIO? Interessante, você disse que aí na França não é "feriado". Veja só: "naquele tempo" existia diferença entre "dia santo" e "feriado". Se eu dissesse "Sexta-Feira Santa é feriado", seria repreendido: então, Sete de Setembro era feriado, Sexta-Feira Santa era dia santo...
E amanhã é feriado na França, pela Páscoa?
De qualquer jeito, FELIZ PÁSCOA para todos nós.
Beijos
Adelino, tem coisas que nunca ficarão antigas ou ultrapassadas. Ainda que a sociedade assim o faça, e que os costumes mudem, as pessoas que guardam essas coisas no coração nunca as deixarão morrer. Para mim, o sacrifício de Cristo não foi um mito e desejo lembrar-me dele não só na Sexta-feira Santa ou na Páscoa, mas por todos os dias da minha vida. Tenha um ótimo fim de semana!
Adelino,
As crenças vão perdendo sentido principalmente após a chegada do bombardeio midiático sobre outros assuntos. As pessoas desde pequeno crescem sem os "valores cristãos" tão difundido em outras épocas. Não sou adepto à difusão destes valores, uma vez que não creio nos principais dogmas da Igreja Católica. De qualquer forma, entendo a forma como você se expressa. Mesmo não sendo voltado a religião, muitas vezes pego-me criticando os tempos atuais justamente por possuir certo saudosismo pelos meus tempos de criança. Geralmente parecem ser muito melhores.
Este comentário foi removido pelo autor.
Célia, mil desculpas pelo atraso na atenção que estou dando ao seu comentário, por sinal maravilhoso e verdadeiro. Eu acho que o que nos vai na alma é o que vale. Uma pessoa pode comer carne na Sexta-Feira da Paixão, e ser puro de intenções, respeitador de todas as crenças e religiões. Outro, pode jejuar e estar com a consciência pesada de tantos pensamentos e intenções prejudiciais ao próximo.
Beijos
Ítalo, conforme disse à Célia, minhas desculpas pelo atraso em atender ao seu brilhante comentário. Mas nunca é tarde. É o velho hábito de achar que as pessoas não lêem post já passados.
É isso, Ítalo, muita coisa mudou nos ritos da Igreja Católica. Como fomos criados naquelas tradições elas nos ficam arraigadas. Saiu fora um pouco, e já nos espantamos e até protestamos. Mas algumas perguntas nos fazemos: por que antigamente não se podia tocar na hóstia e hoje pode? Por que não se comungava sem confessar e hoje isso é comum e permitido? Por que a Missa era em latim e hoje em Português? Por que o pe. rezxava a Missa de costas para os fiéis e hoje é voltado para ele?
Acho que tradição é tradição.
Grande abraço, Ítalo.
Adelino, realmente os tempos mudaram, e não concordo também com esta indiferença do dia onde se comemora a cruxificação de Jesus.
Porém isto deu-se em há mais de 1976 anos e devemos sentir Jesus vivo, e não sentir toda aquele sofrimento como muitos querem vivenciar toda aquela via crucis.
Isto já passou, e Cristo está vivo.
Por que então respeitar o dia, mas não com sofrimento nem castração como a religião nos ensinou.
Estas datas ficaram, mas não é para sofrermos e sim lembrar-mos que Ele está perto de todos nós.
Maria das Graças.
É verdade, Maria das Graças, com o passar do tempo as tradições de "fundo subjetivo" tendem a mudar mesmo. Por isso as Sextas-Feiras Santas já não são tão reverenciadas como no meu tempo de criança. Obrigado pelo seu comentário, e desculpe-me por respondê-la "somente" após decorridos dez anos e alguns meses... Um abraço.
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