03 junho 2007

FOTOGRAFIA

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Pouca gente dá importância a fotografias. Não me refiro àquelas de jornais e revistas, mas as de familiares, de pessoas, de animais de estimação, ou mesmo fotos antigas amareladas pelo tempo, com cabeças e pés "cortados" ou fora de foco... Em meados da década de 60 cheguei a improvisar um pequeno laboratório fotográfico num quartinho do nosso apartamento. Era um hobby tão fascinante que eu esquecia do tempo e ali ficava às vezes até três horas da madrugada revelando filmes, copiando e ampliando fotos em preto e branco, límpidas e belas até hoje. Era emocionante presenciar o “milagre” de uma imagem se formando no papel fotográfico durante a sua revelação.
Henri Cartier-Bresson, considerado um dos gênios da fotografia, disse: “As coisas das quais nos ocupamos, na fotografia, estão em constante desaparecimento, e, uma vez desaparecidas, não dispomos de qualquer recurso capaz de fazê-las retornar. Não podemos revelar e copiar uma lembrança.”

Guardo comigo – pela originalidade - uma mensagem publicitária de uma revista especializada, já extinta, na qual mostram uma foto em preto e branco de uma menina humilde, recostada num velho e surrado sofá, pensativa, triste. E logo abaixo um texto que diz tudo: ”Só fotografaram esta menina quando ela tinha 15 anos. Coitadinha, não teve infância. Ela não se lembra mais da escola, de suas férias, de seus amigos. Ela nunca viu uma fotografia sua antes desta. Ela nunca teve ou vai ter infância. Fotografe seus filhos."

Eu me lembro perfeitamente bem do dia em que, pela primeira vez na vida, eu tive em mãos uma câmera fotográfica e “bati” uma foto (sem tremer...) E você, tem lembrança da primeira foto que clicou?

PS - A câmera Rolleyflex era a mais famosa e cara naquela época, muito citada e usada pelo saudoso jornalista Ibrahim Sued em sua coluna social do Globo, quando retratava os granfinos do café society carioca. A minha era mais modesta, uma Beautycord (foto), mas o sistema (reflex) era o mesmo. Eu a adquiri na Ducal, em maio de 1958, pagando seis "suáveis" prestações mensais... Ela hoje está com 48 anos, funciona ainda, mas é peça de museu.
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21 Comments:

Blogger sonia a. mascaro said...

Que post interessante, Adelino!
Eu tenho até hoje uma câmera em forma de caixotinho, pequena, que ganhei quando tinha uns seis anos. Tenho também até hoje as fotos que tirei com ela. Depois disso, nunca mais tive nenhuma máquina fotográfica e só agora com as digitais é que comecei a tirar fotografias. Abraços!

domingo, junho 03, 2007 8:36:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá, Sonia, gostei que tenha gostado do post. Provavelmente a câmera que você ganhou quando tinha seis anos de idade deve ser da marca Kodak. Essa fábrica monopolizou naquela época de tal forma o mercado de câmeras, que Kodak passou a ser "substantivo comum".
A primeira foto ("retrato") eu "bati" quando tinha uns seis anos com uma Kodak, foco fixo.
A caminho da fazenda de um tio, o carro enguiçou. Saltamos, e enquanto era reparado, a minha irmã fez uma "pose' e me entregou a câmera para "bater a foto".
Ficou ótima. E eu me senti orgulhoso da "façnha". Tinha também as câmeras de fole, "moderníssimas"...
Mais recentemente eu usei muito uma excelente Asahi Pentax-Me. E hoje, ficamos com as digitais que, no meu modo de pensar, não exige muito conhecimento da difícil arte de fotografar.
Grande abraço, Sonia.

domingo, junho 03, 2007 11:17:00 PM  
Blogger O Meu Jeito de Ser said...

Adelino, também tive uma "caixinha" dessas da Kodak, mas não me lembro de jeito nenhum, qual foi a primeira foto que tirei.
Me lembro que sempre gostei muito de ser fotografada, nunca tive problemas com isso, como é o caso do Valter, não gosta de fotos.
Agora meus filhos, tiramos muitas.
Temos aqui em casa, o famoso "saco de risadas", chamamos assim, as fotos antigas, com roupas que hoje estão fora de moda, e muitas vezes caras estranhas, à fisionomia de hoje, acho que melhoramos, e muito.
Adorei o post.
Um abraço.

segunda-feira, junho 04, 2007 6:38:00 AM  
Blogger sonia a. mascaro said...

É isso mesmo, Kodak!

Pedi para o meu marido que está hoje em São Paulo comprar um livro para mim que acho que você iria gostar de ler, se é que já não comprou. É do veterano jornalista Reali Jr. e chama-se ÀS MARGENS DO SENA Ed. Ediouro. Clique no link que dá numa matéria do Estadão sobre o livro. Abraços!

segunda-feira, junho 04, 2007 4:33:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino. Ótimo post. Pena eu não ter guardado essas relíquias. Não dá para guardar tudo.

segunda-feira, junho 04, 2007 4:35:00 PM  
Blogger Lord Broken Pottery said...

Adelino,
Tenho uma pequena Nikon, gosto de fotografar com ela. Quer dizer, gostava. Falo de um tempo em que os fotógrafos respeitavam as pessoas. Outro dia escrevi uma postagem sobre o meu desespero em uma festa. As pessoas, com suas pequenas máquinas digitais, perderam as estribeiras. Ninguém conversa, dança, se diverte, só querem saber de fotografar.
Abração

segunda-feira, junho 04, 2007 6:35:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado, Anna.
As primeiras câmeras eram mesmo as KODAK, made in USA, Rochester... Foco fixo: fotografias com distância inferior a um metro eram um desastre total. E os filmes 120? Colocava-se na câmera, e à medida que ia sendo usado lia-se na parte traseira do "aparelho" quantas "chapas" já tinham sido batidas... Flash? Nem pensar. Aqui também achamos engraçado algumas fotos antigas, aquelas calças boca de sino, que chamávamos de espanador de chão... E as costeletas que vinham até o ombro quase?
Um abraço, Anna.

segunda-feira, junho 04, 2007 7:35:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sonia, fui no link, e pela matéria que o Estadão publicou já vi que é exatamente o tipo de leitura que gosto. Não sou chegado a ficção. Vou comprar e ler sim. Muito obrigado pela indicação, Sonia.
Um abraço

segunda-feira, junho 04, 2007 7:41:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eduardo, realmente não dá para se guardar tudo. Eu ainda tenho a primeira câmera 8mm que comprei e usei muito. Se eu te contar a história de um MSX-Gradiente e um TK-85 você não acredita. Talvez um dia eu faça um post sobre isso. O problema é o texto ficar muito longo.
Um abração, e obrigado.

segunda-feira, junho 04, 2007 7:47:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Lord, eu não tenho muita simpatia por câmeras digitais, embora tenha uma. Foi-se o tempo em que usávamos aqueles recursos de "abertura" combinadas com "velocidade", destacando o primeiro plano e desfocando o segundo. O uso do "b" etc.
E os celulares com câmeras? Para que isto?
Grande abraço, Lord. Obrigado.

PS - Qualquer hora inventam as câmeras descartáveis. Tiradas as fotos, joga-se fora câmera e fotos...

segunda-feira, junho 04, 2007 8:00:00 PM  
Blogger Denise S. said...

Primeira foto?
Acho que era bem pequena, porque tive máquina muito cedo. Até hoje lembro dela, quadradinha, com aquele flash que espoucava... Depois empresteir para a minha avó e a roubaram de sua mala numa de suas viagens.
Adoro tirar fotos.

segunda-feira, junho 04, 2007 9:39:00 PM  
Blogger Fernando said...

Oi, Adelino,
e eu, me lembro, ainda menino, do meu pai revelando e copiando fotos, num quartinho lá de casa.
Depois ele pegava as fotos e escrevia, com letras de quem havia treinado para aquilo, um título para as fotos. Recortava as fotos, fazia molduras, um intuitivo capaz das maiores craquezas.
Acho que meu filho, grande fotógrafo profisional, deve ter herdado essas qualidades do avô que nem conheceu.
Abração
fernando cals

segunda-feira, junho 04, 2007 9:59:00 PM  
Blogger Yvonne said...

Adelino, quando o edifício Palace desmoronou, eu fiquei muito mal e foi justamente nas fotografias que eu fiquei pensando. Eu adoro as minhas que considero preciosas.
Beijocas

terça-feira, junho 05, 2007 9:12:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Denise Sollami, as antigas Kodak tipo caixote não tinham flash. A "grande novidade" chegou ao Brasil, para uso doméstico mais ou menos em 1956. Era o famoso "flash eletrônico".
Interessante a sua avó ter perdido a sua "máquina".
Eu tinha um flash excelente, o "Mecablitz 101", mas um colega de trabalho me pedia o bichinho emprestado quase todo final de semana. Então eu acabei vendendo o meu equipamento para outra pessoa. Quando soube, disse que eu devia ter vendido para ele,e ainda ficou aborrecido comigo...
Folgado, não?
Eu também - dependendo do lugar - não sei andar sem a minha digitalzinha Fuji. Mas na hora H sempre acaba a pilha...
Um abraço

terça-feira, junho 05, 2007 6:47:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá, Fernando, não há dúvida de que seu filho herdou do avô o gosto pela fotografia. E a Arquitetura tem muito a ver com a arte da fotografar também...

Fernando, nessas minhas atividades fotográficas amadoras, descobri uma coisa curiosa: todos os manuais e livros que ensinam revelar e copiar filmes dizem que o papel fotográfico após impressionado, e já tendo passado pelo fixador, fique umas oito horas na água, para que restos de material químico não reajam e amarelem logo logo as cópias. Pois eu, na ansiedade de ver tudo pronto, não tinha paciência para isso. Contrariando o que mandava o "figurino", saído do fixador, eu lavava o papel com água, sabão e uma esponja. O efeito foi tão bom que até hoje, fotos que ampliei 20 x 30, com cerca de 30 anos, não somente não ficaram amreladas, como estão exatemente como quando sairam da bacia contendo o fixador...

Fernando, muito grato pelo seu prestígio nos comentários.
Abração

terça-feira, junho 05, 2007 7:07:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Yvonne, você sabe que eu também pensei nisso? Quantas fotos de familiares se perderam? Quantas cartas manuscritas, que muitas vezes contam a história da família não viraram pó e cinzas?

Quando estou visitando esses antiquários, principalmente da Praça Quinze, vejo álbuns de família, fotos de casamento, batizados, formaturas (às vezes completos), primeira comunhão, cartões postais vindos de todas as partes do mundo, cheios de palavras carinhosas e de amor ao destinatário, tudo jogado pelo chão, sendo vendidas por preços irrisórios. Fica evidente, nestes casos, a grande diferença contida no conceito entre valor e preço. E até no de educação mesmo, não acha?
Beijos.

terça-feira, junho 05, 2007 7:18:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Atenção, Yvonne!!!
O ANÔNIMO AÍ DE CIMA SOU EU, ADELINO. Eu esqueci de colocar o meu nome... E isto aqui não tem retorno.
Beijos

terça-feira, junho 05, 2007 7:22:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eii..Fiz uma homenagem em meu blog a todos os meus amigos que votaram no Lua em Poemas no Clube da melhor idade e vc é com certeza uma delas.
Obrigada!!!!!
bjss
Ops.. pior que lembro a primeira foto que tirei , de uma maquina muito antiga de meu pai, ainda temos ela ate hj.rsrs
AH! foi uma foto de meu irmao caçula.rsrs

quarta-feira, junho 06, 2007 2:06:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino, conte, e se ficar muito longo, poste em capitulos. Vai ser ótimo!

quinta-feira, junho 07, 2007 1:43:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado, Nancy, você mereceu os nossos votos.
Um abraço

quinta-feira, junho 07, 2007 7:40:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eduardo P.L., aceitei a sua sugestão. Vou publicar em capítulos, mas se não der ibope, culpá-lo-ei por isso... rs.
Acho que o Cap. 1 já está pronto.
Como disse, o espaço é pequeno, e se diminuirmos os caracteres, fica de difícil leitura. Vamos ver no que vai dar.
Grande abraço

PS - O meu PC está meio lento.

quinta-feira, junho 07, 2007 7:43:00 PM  

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