25 junho 2008

1958 - A TAÇA DO MUNDO É NOSSA ( 1 )

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NOTA: parece óbvio, mas textos longos em blogs são lidos apenas quando interessam e muito ao seu leitor. Evito falar sobre futebol, pois para isso já existem sites esportivos dinâmicos e bem elaborados, mas quando sabemos que no próximo dia 29 de junho o esporte brasileiro estará comemorando 50 anos da primeira conquista de uma Copa do Mundo, e ainda que fui um dos poucos milhões de brasileiros que tiveram o privilégio (ainda que de longe), de sentir todas as suas emoções, resolvi revivê-las aqui mesmo, sob um ponto de vista muito pessoal, característica, aliás, deste simples blog. São 4 partes, a primeira hoje, quarta-feira 25. E as demais até o dia 28, véspera da grande conquista. Não fiz pesquisa para isso, caso contrário, não teria graça, apenas confirmei alguns detalhes curiosos. Acho que esta "NOTA" já está ficando excessivamente longa... Vamos ao que interessa, se é que interessa... Obrigado. (Adelino)
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O Brasil já conquistou cinco Copas do Mundo, mas nenhuma teve, no meu entender, a mesma intensidade de emoção daquela de 1958. Por quê? E o bi-campeonato de 1962? O tri de 70? O tetra de 94? E o penta de 2002? O que mudou? O meu espírito de torcedor? Não, creio que não, pois gosto de futebol do mesmo modo que sempre gostei. Entretanto, 1958 era ano de uma época em que os profissionais permaneciam em seus clubes de origem por nove, dez ou mais temporadas consecutivas; transferência para o exterior era privilégio de poucos, e assim mesmo se descendentes de italianos: Altafini Mazzola e Humberto Tozzi, por exemplo; era época em que o tal “amor à camisa” existia de verdade, pois que ela não mudava de modelo, de patrocinador, e até de cor a cada ano. Em que os ganhos dos atletas do futebol tinham valores relativos compatíveis com a realidade do país, muito diferente de hoje quando jogadores milionários jogam - pelo menos aparentemente - para cumprir uma mera formalidade, perdem de adversários reconhecidamente fracos, e ainda deixam o gramado dando entrevistas num sotaque que passa pelo francês, alemão, italiano ou espanhol. Jogava-se com orgulho pela Seleção, sem patriotadas, mas com amor e alegria, com o pensamento longe da possível renovação de contratos milionários com fábricas de chuteiras, bolas, carros e telefones celulares. É óbvio que, como profissional, o jogador não tem culpa de mudança tão drástica. Mas é evidente que o espírito do torcedor com relação à Seleção também mudou. Hoje já se escreve sobre falta de identidade Seleção-torcedor.

Confesso-me um antigo apaixonado (mas não fanático) pelo querido clube carioca Vasco da Gama, paixão que nunca teve radicalismo ou ódio. As torcidas, então “desorganizadas”, eram organizadas, sem problema. Em jogos de 130, 140 mil pessoas, torcedores de Vasco, Botafogo, Flamengo, Fluminense, e outras equipes misturavam-se pacificamente nas arquibancadas do “lado oposto às cabines de rádio”. Vendia-se até cerveja nos balcões de cimento dos bares voltados para o campo. Quase nenhuma rixa, e se por acaso acontecesse, bastava a presença de uma dupla “Cosme e Damião” para fazer o "milagre" de educadamente colocar “ordem na casa”... (Continua amanhã)
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Imagem da Gazeta Esportiva, de São Paulo, 1958, escaneada por APS
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4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ola Adelino
Tenho lembranças da festa da Copa de 70 (tinha entao 8 anos), mas sei que antes se jogava pelo prazer e por patriotismo. Hoje o que se vê são jogadores ganhando fortunas e jogar que é bom.....
Voce está de parabens pela postagem.
Saudosas lembranças
Bjs no coração

quarta-feira, junho 25, 2008 5:10:00 PM  
Blogger Maria Augusta said...

Você tem toda razão, hoje se joga para ganhar fortunas, o "amor à camisa" eles não tem mais. Pois perder não é uma vergonha, mas perder sem "suar a camisa" é uma desonra. Nesta ûltima Copa do Mundo, tive vergonha da seleção brasileira, não por terem perdido, mas pelo modo como o fizeram.
Abraços e parabéns pelo post.

quinta-feira, junho 26, 2008 4:05:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

A Copa de 70 teve também um sabor muito especial, quando fomos tri. Eu sei, Bete, que o assunto é repetitivo, recorrente (?) meio chato, mas fiz questão de deixar registradas as minhas impressões pessoais sobre a memorável Copa de 58, talvez por ter sido a primeira.
Beijos. Obrigado.

quinta-feira, junho 26, 2008 2:19:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É verdade mesmo, Maria Augusta, é profissionalismo em excesso. Ainda ontem vi Turquia x Alemanha. Posso estar enganado, mas pelo menos dois jogadores da Turquia eram ingleses naturalizados.
Abraços

quinta-feira, junho 26, 2008 2:22:00 PM  

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