17 setembro 2007

O VELHO BAÚ DA MINHA INFÂNCIA


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Acho que todos temos o nosso baú, seja guardado a sete chaves na memória ou aberto para que todos saibam o que tem dentro dele. Pois bem, dia desses o nosso amigo Peri, disse "Adelino, deste teu baú saem coisas realmente inesperadas...". Aí então lembrei de um baú de verdade, bem antigo, que tinha em nossa casa. Eis a historinha dele, "resumida":

Eu tinha seis anos de idade. No canto de um quarto da casa ficava um velho baú de madeira, com alças de metal, igual àqueles dos filmes de pirata que eu assistia no cinema ou via nos gibis. Não sabia o que tinha dentro, e nem mesmo curiosidade em saber. Para nós, meu irmão e eu, era apenas um "assento”, um enfeite, um traste que ninguém ousava jogar fora. Uma relíquia que quando nascemos já fazia parte da conta “móveis e utensílios” da família, “totalmente depreciado”, mas fazia.

Um dia minha mãe concluiu que além de ocupar espaço pelos cantos ele servia de “moradia” para pequenos insetos e roedores. Mandou que o jogássemos num depósito de lixo não orgânico, debaixo da mangueirinha no fundo do nosso quintal. Naquele tempo não tinha coleta domiciliar, cada um tratava de juntar e queimar o seu lixo. Sem razões sentimentais que nos ligassem a ele, cumprimos a missão com um certo alvoroço, alegria e curiosidade. Segurando-o pelas alças, nós o arremessamos para o alto. Quando a velha peça caiu ao chão, abriu-se, despejando papéis velhos e outras quinquilharias ao seu redor.

Dentre elas uma despertou mais a nossa atenção: um livro ilustrado, de capa dura, tamanho 15x20 centímetros, editado no final da década de dez, vinte, talvez. Páginas com gravuras de colorido desbotado, o vermelho quase cor de rosa, e os textos impressos em letras algumas até semelhantes ao Script dos atuais redatores de computador.

Guardei o livro com carinho, e de vez em quando dava uma olhada nele. Um dia fiz uma descoberta muito importante: notei que numa relação de títulos na primeira página, os números colocados à sua direita correspondiam ao conteúdo da página à qual se referia. Mostrei pra todo mundo. Disseram-me que eu tinha “descoberto a pólvora”. Mais tarde compreendi que eu tinha simplesmente descoberto o que seria o índice de um livro...

Do interior do velho baú saíram mais coisas: peças ou acessórios da antiga máquina de costura Singer da minha mãe, cartas, fotografias, cadernos. E as mais valiosas: algumas belas e bem legíveis partituras de músicas compostas pelo meu pai, falecido apenas quatorze dias após o meu nascimento, eu soube mais tarde.

Adolescente, compreendi porque o velho baú vivia fechado, quieto num canto. Tentaram trancar dentro dele saudades e recordações. Nem tanto por mim, que não tinha do que ter saudade, mas para minha mãe e o restante da família.

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Páginas do livro Leitura do Principiante, escaneada por APS.
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55 Comments:

Blogger Denise S. said...

...e não é que o baú ficava "quieto num cano"? qualquer semelhança é mera coincidência...

Fala, Adelino! Tudo bem? Saudades daqui.

segunda-feira, setembro 17, 2007 5:18:00 PM  
Blogger marilia said...

Adelino...
Que lembrança mais doce...
vc é poeta, daqueles silenciosos, que tudo observam, e tudo conseguem guardar. seu baú dve ser cheio, repleto de lembranças de amor, pois é só o que vc passa; afeto, carinho, respeito, amor...

ps: ta cada dia mais fera nos scanner, né...rssss
ps2: vai lá no link de futebol que a tina escreveu e comenta no site dela...ela , como vc, escreveu um post pra mim.... (ta no meu blog...)
bjos

segunda-feira, setembro 17, 2007 7:18:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É dificil fazer comentário sobre o post (passei por situações piores). Mas fico contente que alguém fez com que a Denise saisse de dentro do baú donde se escondeu entre traças e baratas.
Strix.

segunda-feira, setembro 17, 2007 9:08:00 PM  
Blogger Nice said...

Quanto tempo não venho aqui. É gostoso abrir nosso baú de amigos antigos e encontrá-los pelo caminho ainda inteiros.
Eu sempre tive mania de baús e sempre me desfazia deles. Agora penso em dar um baú de brinquedos para a neta, mas vamos primeiro saber da mãe, se o quer ou não.
Baús são sempre recordações.

segunda-feira, setembro 17, 2007 11:03:00 PM  
Blogger valter ferraz said...

Adelino, no "nosso" tempo, todas as famílias tinham o mesmo tipo de baú. Também tive o meu. Quer dizer, da minha mãe adotiva. Ela foi casada duas vezes. Com a morte do primeiro marido(que eu não conhecí, parece-me que Dona Conceição ficou casada apenas alguns meses, depois enviuvou)todas as lembranças foram parar dentro do tal baú. Só foi desfeito o mistério quando eu já adolescente sugerí que a velha "mala" fosse tirada do quarto deles. Até então servia de cômoda.
Não falei que todos temos nossos baús?
Voce resgatou um pouquinho do teu, com sentimentos é claro.
Forte abraço

terça-feira, setembro 18, 2007 6:18:00 AM  
Blogger valter ferraz said...

Adelino, voltei:
"ampliei" a foto scaneada e, surpresa!
Uma bela histórinha, de brinde.
Sábio mesmo o sabiá. Não podemos deixar o Lord se aperceber disso. Vai que resolve exterminar com o pobre?

terça-feira, setembro 18, 2007 6:21:00 AM  
Blogger O Meu Jeito de Ser said...

Adelino, a sua é também de certa forma a história de todos nós, da mesma época, claro.
Baú já é por si só sinônimo de recordações, e todos que tinham algo para guardar, qualquer sentimento que tinha que ser guardado para não machucar, era prá dentro do baú que se mandava. A impressão que se tinha, é que a simples tampa do baú pudesse abafar sentimentos e saudades.
Na minha infância ví muitos baús que serviam também para guardar o enxoval das noivas feito à mão com carinho pelas mães.
Bonita sua história.
Agora o Valter tem razão, cuidado com o Lord, se ele chegar aqui, vai com certeza buscar o estilingue.
Um beijo.

terça-feira, setembro 18, 2007 7:23:00 AM  
Blogger Yvonne said...

Adelino, esse seu post me fez lembrar aquele meu em que eu contei os meus tesouros. Feliz de gente como nós que temos carinhos pelas nossas lembranças.
Beijocas

terça-feira, setembro 18, 2007 9:35:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Histórias do baú! Baú era realmente uma coisa que, de alguma forma, todas as famílias tinha, Era uma coisa "Nostalgica", até Sivio Santos banalizar, o velho e conceituado, baú!O seu teve um destino mais trágico do que as mairias dos velhos baus, que vão parar em antiquarios e feiras de antiquidades.
Mas rendeu um post!

Abçs

terça-feira, setembro 18, 2007 1:40:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É mesmo, Denise, quase o "Quieta em meu Canto"... Mas foi coincidênca. Uma feliz coincidência.
Abraços

terça-feira, setembro 18, 2007 7:04:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, Marilia, quanto elogio. Será se mereço tanto? De qualquer forma, obrigado. Vou lá ver o post dedicado a você.
Beijos

terça-feira, setembro 18, 2007 7:06:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Strix, concordo inteiramente com você. Pelo menos o nosso baú teve o mérito de fazer com que a nossa querida Denise Sollami saísse do casulo em que se encontrava...
Grande abraço

terça-feira, setembro 18, 2007 7:09:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Nice, que surpresa agradável a sua presença. Se eu fosse você daria o baú sim para a neta. Tenho certeza de que ela saberá fazer bom uso dele. E no futuro se lembrará sempre de você.
Abraços

terça-feira, setembro 18, 2007 7:16:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Valter, gostei da sua história do baú de família...
Quanto ao Lord, por coincidência pura escaneei uma página com uma história de sabiá, espécie de pássaro que ele gostaria de ver extinta. Aliás, eu disse que sabiá não cantava de manhã, só à tarde, mas me enganei. Canta sim, desde o amanhecer... Mas canta bonito.
Grande abraço

terça-feira, setembro 18, 2007 7:23:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É verdade, Anna, agora me lembrei que nos baús se guardavam os tais "enxovais" que as noivas preparavam durante o período de noivado. Era uma tradição, um ritual. Quanto ao estilingue do Lord, duvido que ele ia conseguir acertar algum sabiá...
A propósito, Anna, gostei de "ouvir" depois de tanto tempo a palavra "estilingue". Na minha cidade só se falava assim, mas aqui o nome é atiradeira ou bodoque...
Beijo

terça-feira, setembro 18, 2007 7:31:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É mesmo, Yvonne. Tem gente que quando mencionamos casos passados, mesmo que agradáveis, pouco se interessam. Acham que passado é passado. Mas tem coisas que guardamos com carinho em nossos "baús" de recordações.
Feliz de quem faz isso,ou gosta de quem faz.
Bjks

terça-feira, setembro 18, 2007 7:36:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Na verdade, Eduardo, o baú não era meu. Quando nasci ele já estava lá, com certeza. E se fosse hoje eu não o jogaria pra cima como fizemos...
Grande abraço

terça-feira, setembro 18, 2007 7:40:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino,
O bodoque originalmente é mais antigo e diferente de estilingue.
Uma vez pesquisei com meu avô ( meu fornecedor de estilingues ) à respeito. Aí ele me fez um bodoque, que é um arco largo de corda dupla com um courinho no meio das cordas onde você põe a pedra.
De manejo complexo e arriscado .... para seu dedão da mão que segura o arco. Voltei ao estilingue.

terça-feira, setembro 18, 2007 11:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Peri, gostei da aula...
O nosso estilingue era feito artesanalmente (caseiro):
1 - Escolhia-se uma forquilha (em forma de Y) nos galhos de goiabeira;
2 - As duas tiras de elásticos eram cortadas de um "cobertão" (câmaras de ar);
3 - O couro vinha de um sapato velho;
4 - No mais, barbante, e pronto;
5 - Pedras, e uma boa pontaria...

Grande abraço
Adelino
PS - Achei curioso você dizer que seu avô era o seu "fornecedor" de estilingues. Tantos assim?
PS2 - Sequer saber, eu tenho um estilingue, mas fabricado industrialmente: forquilha de plástico bem firme, borrachas (elásticos perfeitos), aquela pecinha de couro perfeita também. Sabe de uma coisa? Preferia os meus de minha infância...
PS3 - Matar passarinhos, nunca. Só pra treinar a pontaria em latas de "Massa de Tomate" marca "Peixe" ou derrubar mangas que se encontravam lá nas "grimpinhas"...
Abs

quarta-feira, setembro 19, 2007 7:26:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino
Estilingue bom tinha que ser de goiabeira, outro não servia. Sei lá por que.
Hoje conhecendo um pouco do assunto madeireiro, talvez porque a goiabeira tenha fibras mais longas, dando uma certa elasticidade ao conjunto.
Sim, vários, sempre que meu avô ia para a fazenda de meus tios, além dos maços cuidadosamente cortados de palha de milho criteriosamente escolhidas, para seus cigarrinhos de fumo de Tietê ( humm, aquele fumo de corda, tradicional, caretão ) trazia uns dois ou três. Detalhe de execução : os elásticos eram presos à forquilha não com barbantes, mas com finésimas tirinhas da mesma borracha da câmara de ar.
Falha museológica : não guardei nenhuma destas preciosidades.
E, claro, tiroteio só para o lado de latas velhas, garrafas só quando os adultos estavam bem longe ( podia " vazar o olho" ), passarinhos nunca.

Obs : quem tinha bodoque era o Pedrinho, no sítio do Pica-Pau Amarelo ( o dos livros não o da TV )

quarta-feira, setembro 19, 2007 10:58:00 AM  
Blogger Lord Broken Pottery said...

Adelino,
Como já comentei recentemente, você sabe como escrever memórias. Seu texto é sempre muito agradável de se ler, quando você envereda por esses caminhos insondáveis do tempo. Mais uma bela peça.
Grande abraço

quarta-feira, setembro 19, 2007 3:30:00 PM  
Blogger marilia said...

...E AI, MEU AMIGO???
TUDO BOM? COMO ESTA SENTINDO DEPOIS DE ABRIR O BAÚ??
ACHO QUE ESSA HISTÓRIA TE FEZ BEM...
BJÃO!

quarta-feira, setembro 19, 2007 6:59:00 PM  
Blogger Márcio said...

Bom esse post. É sempre abrirmos coisas e descobrirmos itens do nosso passado. Esse ditado do sabiá já me foi contado algumas vezes por você, quando eu ainda não tinha 1,85m de altura (rs..rs..rs). Parabéns pelo post e blog.
Abs
Márcio

quarta-feira, setembro 19, 2007 9:23:00 PM  
Blogger sonia a. mascaro said...

Linda a sua história, Adelino! Você escreve muito bem!

Aumentei a foto e li a bonita história do sabiá, que eu já havia lido quando era criança, mas nem me lembrava mais dela!

Obrigada pela visita! As meias com sandália foi uma brincadeirinha que eu fiz quando descobri esse site. É bem deselegante e ainda bem que o Carlos prefere sandálias sem meias! Mas enviei essa foto para o site e se publicarem, eu aviso você!

As fotos do campo de trigo não chegam perto do que vi in loco. O campo era muito mais bonito e dourado! Mas obrigada pelos elogios! Abraços e até mais!

quarta-feira, setembro 19, 2007 10:50:00 PM  
Blogger Luci Lacey said...

Adelino

Creio que este seu bau ai, era aquelas canastras com as cantoneiras de zinco ou aluminio, ne nao?

Acredite, comprei um bau(nao canastra), e fiz dele uma bela mesa, separando 2 cadeiras tambem antigas e ficou liindo.

O bau guarda os nossos segredos.

Beijinhos

quinta-feira, setembro 20, 2007 12:20:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Peri, o interessante é que, de longe, a gente já escolhia a melhor forquilha. Havia algumas praticamente perfeitas, simetria perfeita. E depois tinha aquela moldada (um rebaixamento) que se fazia nas pontas da forquilha para que o elástico não se soltasse. Mesmo assim acontecia de vez em quando, e os Anjos da Guarda sempre de prontidão...
Uma boa munição eram as uvas verdes, lá pelo mês de novembro...
Eu também não tenho uma peça original de quando criança, mas tenho, como disse, um "exemplar" comprado em beira de estrada, mas aí já elaborada industrialmente, sem o "romantismo' do nosso estilingue...
Grande abraço.

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:04:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Peri, eu de novo. Você falou do tal "fumo de rolo"...
Não te conto nada. Eu tinha um tio que levava uns 20 minutos preparando o cigarrinho de palha dele com o tal fumo de rolo. Era um ritual muito interessante. Nós ficávamos ao lado dele ou sentados no chão observando-o. Quando acabava, metia a mão no bolso, tirava uma "binga" (sebe o que é?), acendia o cigarro de palha e se perdia no meio de tanta fumaceira...
Grande abraço, Peri.

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:16:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Lord, um elogio partindo de você, escritor, me faz muito bem. A graça das coisas que observamos muitas vezes está nos detalhezinhos aparentemente sem importância, e são eles que chamam a atenção das crianças.
Obrigado.
Grande abraço.

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:20:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Olá, Marilia. Faz bem sim a gente colocar pra fora o que nos vai na alma, os nossos sentimentos, nossas recordações boas, e até as nossas frustrações ou decepções.
Beijos

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:28:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Então, Márcio, tempos maravilhosos em que eu contava fábulas para vocês então simples gurizinhos, hoje pessoas adultas que só nos deram motivos de orgulho. Um dia você contará as mesmas fábulas para os seus filhos.
Um abraço muito afetuoso, e por que não, um beijo.
Adelino
PS - Para quem não sabe, Márcio é o meu filho mais novo.

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:38:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Sonia, é bondade sua. Eu sei disso.
É bom esclarecer que a Sonia fez um post com fotos de pés com meias, e calçados com sandálias.
Eu não acho nada elegante (não uso), e nem o Valter e o Eduardo... Aliás, o Valter, achou deselegante, mas confortáveis. Tudo bem. Não mandamos fotos, a bem da verdade,mas comentamos sobre.

Quem quiser dar uma olhada está lá no blog da nossa amiga SONIA MASCARO. O link está aí do lado direito. Vale a pena conferir, e mandar a sua foto - dos seus pés -, se quiser, não é, Sonia?
Abração, e até mais.

quinta-feira, setembro 20, 2007 8:55:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Luci, sinceramente eu não me lembro de que metais eram as contoneiras. Sei que tinha umas alças de lado, umas espécie de tiras de metal que davam o contorno, uma fechadura. Não devia ser lá essas coisas, porque a minha mãe mandou que o jogássemos fora. Depois que recolhemos os guardados o que tinha dentro dele colocamos fogo no bichinho...

Ah, dentro dele tinha nada mais nada menos do que um molde de dentadura, com dobradiça e tudo, Vê se pode...
Enfim nem tudo era tão romântico dentro do tal baú...
Beijos, Luci.

quinta-feira, setembro 20, 2007 9:05:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Luci, corrijo para não mudar o sentido do que eu quis dizer:

"Depois que recolhemos os guardados que tinha dentro dele colocamos fogo no bichinho..."
Bjs
Adelino

quinta-feira, setembro 20, 2007 9:11:00 AM  
Blogger valter ferraz said...

Adelino, eu aqui e voce lá no perplexo comentando. Estamos afinados. Pode imprimir e mostrar prá família ( se tiver coragem, pois o conteúdo é meio "novela das oito")
Qualquer coisa, leia em sigilo, também vale.
Grande abraço

quinta-feira, setembro 20, 2007 12:33:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino, hoje foi para ler os ótimos comentários. Estilingues tive muitos também. Naquele tempo não existia outro que não o artesanal. E de goibabeira!
Foi ótimo reviver tempos imemoriais. Pura nostalgia. Me lembro até da unha azul do polegar, da mão esquerda, aquela que segurava a forquilha. A mira era certeira...

quinta-feira, setembro 20, 2007 6:35:00 PM  
Blogger Luci Lacey said...

Adelino

Por favor, va no Hippos ver o meu bau.

Olha , um belo post daria vc falando de binga para acender cigarro ou cachimbo, meu avo usava.

Beijinhos

quinta-feira, setembro 20, 2007 7:27:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Valter, não se preocupe. Apesar de que aqui ninguém vê novela. Nem JN. Quando muito vejo os canais GN, CNN e os tele-cines.
Seu texto não tem nada que ninguém não possa ler.
Estamos sintonizados.
Grande abraço.

quinta-feira, setembro 20, 2007 9:03:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eduardo, pelo jeito você é canhoto, estou certo? Usava-se segurar a forquilha com a direita e o couro com a "munição" com a esquerda. Acontecia muito isso. Pior era quando arrebentava o elástico do lado da forquilha...

Quantas brincadeiras perigosas pratricávamos quando crianças. Lembro-me de colocar bombinhas de São João dentro de garrafas, e atirar para cima. Olha o perigo...
O Anjo da Guarda trabalhava muito. Felizmente dava conta do recado...
Um abração

quinta-feira, setembro 20, 2007 9:12:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Luci, vou lá ver.
Boa idéia a sua, um post sobre a binga... Aguarde. Está anotado.
Beijos

quinta-feira, setembro 20, 2007 9:17:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Estilingue ou fundas: os melhores elásticos eram os feitos com câmaras de ar de pneus "michelim". Eram de borracha natural e de cor vermelha/avermelhada.
Bodoques: os melhores eram feitos de "piquiá" (tenho dois deles aí quardadinhos,garanto que têm mais de quarenta anos). Outra madeira ótima para bodoques é "bacparí" (uma árvore de pequeno porte, que dá uma fruta amarela, pouco maior que uma azeitona).O bacparí, pelo que sei, só existe na mata atlântica.
Mas o que interessa, no momento, são os bodoques e as fundas/estilingues.
Os estilingues de hoje são feitos (e são bons) com aquelas mangueirinhas de pura borracha natural usadas em hospitais como "garrotes" para dilatar veias/artérias quando nos retiram sangue.
Ainda falando sobre bodoques existe outra madeira (tipo de uma pequena palmeira) que é, dentre todas (segundo me falou um velho "bugre" (infelismente já falecido há pouco) a de melhor qualidade. Dessa madeira (palmeira), fiz dois que estão (também) aí quardados, mas sem o "cordoamento" com aquela redinha prá colocar a pilota. O véio bugre foi pro lado de lá antes de fazer esse favor prá mim, sempre "pago" com uma pinguinha que eu fornecia diariamente (de tardinha) prá ele.
Strix. Vai assim mesmo, não vou reler porque desligo essa maquininha qui tá vindo uma trovoada por aí, e com muito vento
Inté.
Strix.

quinta-feira, setembro 20, 2007 10:43:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

...eu fiquei aqui, perguntando pq jogar fora um reliquia destas?
Vc nao recuperou nada mais alem do livro? As fotos, as partituras?
Acho q sou saudosista demais pra me desfazer de certas reliquias,
abs
Meire

sexta-feira, setembro 21, 2007 4:33:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Grande Strix, gostei demais de sua explanação sobre os bodoques e estiligues. Formidável. Você deve ter coisas incríveis para contar.
Muita gente às vezes pensa que esses assuntos tão simples que expomos aqui não acrescentam nada, não mudam nada, é cultura inútil, mas não é não. Veja você, Strix, quanta coisa boa fomos buscar lá nos cantinhos da memória dos nossos leitores. Garanto que fez muito bem a eles, e a mim também.
Gostei do seu comentário, que li com muita atenção, e acredito, os demais amigos leitores.
Grande abraço. Valeu Strix.

sexta-feira, setembro 21, 2007 8:11:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Meire, ótima pergunta a sua.
Tínhamos seis, sete anos de idade, e não sabíamos avaliar ainda o valor sentimental, e até mesmo material do famigerado baú e seu conteúdo. A nossa mãe nos pediu que o jogássemos fora, e cumprimos a ordem.
O meu pai tinha o que se chamava na época de "band", ou seja, banda. Contrariando aquele velho ditado de que "o homem de sete instrumentos não toca bem nenhum", ele era bom em todos aqueles nos quais se propunha a tocar, e até a ensinar. Era professor também. Tocava no tempo do cinema mudo, que no Brasil, existia até 1934, por aí. Eu tinha até uma idéia errada desses filmes mudos. Pensava que o pianista que ficava ao pé da tela ia improvisando as canções conforme o "clima" das cenas projetadas. Não era assim. Segundo minha mãe, as partituras dos filmes acompanhavam as latas das respectivas "películas". Lembra-se do personagem de Donald O´Connor no filme SINGIN´ IN THE RAIN? Então, era aquilo.

Quanto às partituras de músicas compostas por ele, sabe como é.
Segundo a "tradição oral", minha mãe não gostava da profissão dele: professor de música e compositor (fazia valsas, tangos, mazurkas, marchas militares etc). Sabe-se como era naqueles tempos, muito preconceito, como existia contra os artistas de teatro, de rádio etc em certas épocas da história. Quando ele morreu ela mandou que queimassem tudo. Alguma coisa se salvou, tanto que as partituras de autoria dele (tenho algumas comigo, muito bem escritas,com pena e nanquim) encontram-se chamuscadas. Muitas foram levadas por "amigos e parentes". Incrível, não é?
Não o conheci pelo motivo já exposto, mas ele devia ter sido muito bom no que fazia, porque temos "salvados do incêndio" anterior ao nosso no baú (vazio, pois queimamos apenas o dito cujo...) - uma estatueta de Carlos Gomes que ele ganhara como premiação em algum evento.

Então, Meire, isto é tudo, quase tudo.
Como ficou enorme este comentário/resposta/depoimento.
Abraços, Meire.

sexta-feira, setembro 21, 2007 8:53:00 AM  
Blogger Vivien Morgato : said...

Minha avó tinha uma "mala preta" cheia de pequenas recordações. Nunca deixava ninguem mexer. Após sua morte, achamos cartas, fotos, provas nossa antigas, desenhos nossos, algumas roupinha. Saudade guardada.;0)

sexta-feira, setembro 21, 2007 9:11:00 AM  
Blogger O Meu Jeito de Ser said...

Adelino, isso aqui rendeu como bolo feito com farinha boa e fermento novo.
Veja: Na explanação do Peri, sobre os estilingues feitos na forquilha de goiabeira, amarrado com tiras fininhas da própria borracha de bóia.
O rebaixamento nas pontas da forquilha, não era para que não escapasse, pois pela postura, que o estilingue ficava no momento do uso, a atiradeira mais abaixo que a forquilha, não deixava que escapasse, mas sim que o amarrado ba borracha não descesse rumo ao encontro dos galhos, ou dfa forquilha própriamente dita.
Nunca usei estilingue não, mas convivi muito e de perto com os mesmos. Tinha irmãos mais velhos, todos "moleques".
Quanto à binga: Lembro que meu pai tinha, "pitava" seu cigarrinho de palha, e a mesma tinha "pedras", qua as vezes ele dizia que tinha que comprar pedra para a binga, e ainda usava um pequeno chumaço de algodão embebido em gasolina, que era o combustível.
Muitas vezes fui ao posto de gasolina, (único da cidade) comprar moedinhas de gasolina prá ele. E as tais pedras também.
Tá muito bom isso aqui.
Um beijo.

sexta-feira, setembro 21, 2007 12:36:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vivien, eu acho esses "achados" simplesmente maravilhosos.
Muitas vezes, passando diante desses casarões bem antigos, a primeira coisa que olho é para o alto da construção, porque normalmente lá em cima se vê a data de seu "nascimento" ou de "inauguração". Fico imaginando quantas coisas alegres e tristes devem ter presenciado. Pessoas que ali chegaram pelo nascimento, outras que partiram por um outro motivo, nem sempre para sempre. Das festas de aniversário, de casamento, de Natal e Ano Novo, formaturas.
E nos porões e sótãos, quantos baús não existirão ainda fechados? Dias depois a gente passa e vê a placa de uma empresa especializada em demolições. E mais tarde outra de construção. E no lugar daquela velha casa surge um "espigão", um "pombal" a ser ocupado por pessoas que talvez nunca se falarão ou mesmo se cumprimentarão um dia.

Sobre as cartas do baú de sua avó, é impressionante como a história da família hoje se perde em e-mails, msns, orkuts, celulares, rádios. Cartas não são mais escritas, cartões de Natal não mais remetidos. Convite de casamento? Passa na Loja Tal que a lista está lá... Saudades não são guardadas.
Vivien, chega de divagações...
Muito obrigado pela visita. Abraços

sexta-feira, setembro 21, 2007 1:59:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Anna, você produziu um post maravilhoso num comentário.
Gostei do detalhe do rebaixamento da forquilha, não para que elástico não escapasse, mas para que não descesse para as proximidades da mão do "atirador".
Sobre a binga, era extamente isso que você contou. Gasolina ou querosene também eram usados. Não vou falar muito porque pretendia fazer um "postinho" sobre a famigerada binga de um tio que tivemos...
Veja, Anna, como é bom recordar essas coisas tão simples, mas sentimentalmente signiticativas para quem as viu e vivenciou.
Um beijo, Anna, sua participação foi brilhante, como sempre.

sexta-feira, setembro 21, 2007 2:09:00 PM  
Blogger valter ferraz said...

Adelino, bora lá mudar a placa da propaganda, vamos botar o reclame dizendo "Hora da Saudade Blogspot.com"
Falta só a trilha sonora que bem pode ser o Francisco Petrônio ou uma valsa do Zéquinha de Abreu, tipo assim: "Branca" ou "Fascinação". Eu ouví muito o programa Moares Sarmento e poderia citar uma infinidade delas, se a memória ajudasse.
Quanto aos estilingues, não posso acrescentar nada. Fui moleque criado preso, passarinho de gaiola. Só via a "cara da rua" pelas frestas do portão. Tinha uma inveja danada dos moleques de rua. Livres, soltos com seus papagaios, estilingues, peões e bolas de gude, estas últimas também chamadas de burcas ou birocas.
E vou parando por aqui, se não a Aninha me manda buscar naftalina para matar as traças.
Grande abraço

sexta-feira, setembro 21, 2007 3:06:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Valter, a Anna, o Peri, o Eduardo e o Strix já disseram tudo sobre o estilingue. Declaro assim por encerrados nossos trabalhos...

Quanto ao nome do blog, foi por isso que coloquei Mais ou Menos Nostalgia. Posso enveredar por qalquer espaço, seja em que tempo for... Em todo o caso fica a sugestão.
Grande abraço.

sexta-feira, setembro 21, 2007 5:40:00 PM  
Blogger O Meu Jeito de Ser said...

Adelino, como você é meu amigo, deixei lá um presentinho prá você.
Um beijo

sexta-feira, setembro 21, 2007 6:25:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino, o Valter te citou mais de uma vez como especialista em canetas Parker51, que acabaram virando um bom post da Vivina, na seção Duas Palavras hoje no Varal.
Quero ler sobre ela( caneta). Onde encontro esse post?

sábado, setembro 22, 2007 2:16:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Muito obrigado, Anna, espero fazer por merecer tal honraria.
Beijo

sábado, setembro 22, 2007 3:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eduardo, o seguinte: eu tenho Parker 51, por sinal, ganhei de minha irmã em 1953. Essa caneta está guardada, mas ainda não a encontrei. Ela tem história. E boa. Eu ia fazer um post colocando a imagem de uma Parker da revista Seleções, mas achei inconveniente já que poderia postar a imagem da própria caneta motivo do post. A imagem chegou a "entrar no ar" por ocasião da edição, mas eu a excluí logo em seguida. O Valter, sempre "antenado" nos blogs, viu parte da edição, e "reclamou" comigo. Se eu encontrar talvez faça algo para o blog, já que o texto até está pronto há alguns meses. O problema é que eu gosto de imagens e não gosto de fazer posts sem elas. Só muito excepcionamente.
Grande abraço.

sábado, setembro 22, 2007 3:52:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Adelino... ao terminar de ler "o velho baú de minha infância" observei-me pensativa e saudosa não sei pelo quê ao certo. então decidi rever as minhas fotos antigas, lembrar de algums momentos maravilhosos com minha família e amigos... foi muito importante, obrigada!

domingo, setembro 30, 2007 9:40:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adriana, fiquei muito feliz com a sua atenção. Você escreve muito bem, menina, e gostaria de vê-la comentando mais vezes aqui conosco.
Grande abraço para os seus pais.
Beijos para a Elen.

domingo, setembro 30, 2007 10:18:00 PM  

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