NA MEDIDA CERTA...
Aconteceu bem no início dos anos 60. Num sábado de manhã, um engenheiro-civil, estacionou seu DKW Vemag junto a uma loja. Enquanto esperava sua esposa que fazia compras, resolveu dar uma caminhada pelas redondezas. Retornando, ficou surpreso ao ver que tinha sido multado por um guarda que já se afastava do local deixando preso no pára-brisa do carro um aviso de multa: "ESTACIONADO EM FRENTE A ENTRADA DE VEÍCULOS".
- "Com todo o respeito, mas o senhor cometeu um engano ao me multar. Aqui não é uma entrada de veículos" - ele disse ao policial.
Diante da passividade do guarda, ele retirou do porta-luvas uma edição em miniatura do CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO. Abriu-a em determinada página, e leu em voz alta um dos artigos que dizia mais ou menos o seguinte: "SÓ É CONSIDERADA ENTRADA DE VEÍCULOS A CALÇADA QUE NÃO TIVER ALTURA SUPERIOR A TANTOS CENTÍMETROS" (não me lembro da medida exata, mas isto realmente constava e talvez ainda conste do CNT).
Mas como provar a existência dos tais “centímetros a mais”? Simples: ele retirou do bolso uma régua de cálculos que o acompanhava habitualmente, abaixou-se, mediu a altura da calçada, e mostrou à autoridade que aquele meio-fio (ou guia) não tinha a espessura mínima suficiente para ser considerado "ENTRADA DE VEÍCULOS", não cabendo, portanto, a multa.
Embora reconhecendo seu erro, o guarda alegou que teria de manter a notificação, já que o registro no talonário oficial já tinha sido feito. O caso foi resolvido na Delegacia mais próxima. A autoridade de plantão anulou a multa, repreendeu seu subordinado e ainda se desculpou com o engenheiro pelo transtorno causado...
Parece piada da antiga revista Seleções do Reader´s Digest, mas não é. A história é real, e o engenheiro-civil que agiu com tanta determinação era ou é simplesmente o meu caro irmão...
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- "Com todo o respeito, mas o senhor cometeu um engano ao me multar. Aqui não é uma entrada de veículos" - ele disse ao policial.
Diante da passividade do guarda, ele retirou do porta-luvas uma edição em miniatura do CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO. Abriu-a em determinada página, e leu em voz alta um dos artigos que dizia mais ou menos o seguinte: "SÓ É CONSIDERADA ENTRADA DE VEÍCULOS A CALÇADA QUE NÃO TIVER ALTURA SUPERIOR A TANTOS CENTÍMETROS" (não me lembro da medida exata, mas isto realmente constava e talvez ainda conste do CNT).
Mas como provar a existência dos tais “centímetros a mais”? Simples: ele retirou do bolso uma régua de cálculos que o acompanhava habitualmente, abaixou-se, mediu a altura da calçada, e mostrou à autoridade que aquele meio-fio (ou guia) não tinha a espessura mínima suficiente para ser considerado "ENTRADA DE VEÍCULOS", não cabendo, portanto, a multa.
Embora reconhecendo seu erro, o guarda alegou que teria de manter a notificação, já que o registro no talonário oficial já tinha sido feito. O caso foi resolvido na Delegacia mais próxima. A autoridade de plantão anulou a multa, repreendeu seu subordinado e ainda se desculpou com o engenheiro pelo transtorno causado...
Parece piada da antiga revista Seleções do Reader´s Digest, mas não é. A história é real, e o engenheiro-civil que agiu com tanta determinação era ou é simplesmente o meu caro irmão...
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12 Comments:
Adelino, esse fato é do tempo em que se podia argumentar com uma autoridade né?
Sim, porque hoje, creio que seu irmão seria preso antes, e se explicaria depois.
Ainda seria alegado desacato à autoridade.
Um abraço
Adelino, a foto que vc postou fala por sí. Sim, porque o código de trânsito é tão antigo quanto o modelo de carro do teu irmão.
A ignorância do guarda-de-trânsito ainda é amesma, mas os tempos são outros.
O "autoridade" hoje não foi treinado para argumentar. Ou melhor, os "argumentos" são outros.
E entrada e saída de carros ninguém respeita mesmo.
Um abraço forte
Gostei da história, muito bem contada! Meu marido tem um DKW igualzinho a esse aqui na garagem. Não tão bonito assim. Ele adora carros antigos!
Cheguei aqui através do Valter Ferraz. Um bom dia!
Não tenha dúvida, Anna, os tempos eram outros. Bons em alguns aspectos, digamos.
Abraços
Não tenha dúvida, Anna, os tempos eram outros. Bons em alguns aspectos, digamos.
Abraços
É mesmo, Valter.
Pior é que o carro do meu irmão era "do ano" mesmo.
Eu não sei se existe mesmo o citado artigo do Código definindo entrada de veículos ou se ele - na qualidade de engenheiro - "chutou" e "colou"...
Grande abraço
Olá, Sonia, que bom ter você como leitora. Ainda mais se indicada pela Anninha, um amor de pessoa.
Sonia, o meu irmão, na época, dizia que jamais teria outra marca de carro na vida a não ser o DKW, letras iniciais de DAS KLEIN WUNDER (A Pequena Maravilha), ou estou enganado? Ele não foi fiel, porque depois disso eu o vi com um Aero Willys e mais tarde com um Simca Chambord...
Se o seu marido visse o meu Parati 83, antigão, mas não velho, ia se amarrar nele. Devo, por sinal, uma foto dela (ou dele) ao Valter... Qualquer hora sai. Estou procurando a imagem nos meus arquivos "organizados"...
Volte sempre, Sonia, vou visitar seu blog, e colocá-lo na lista dos meus favoritos, ou melhor dizendo, vou "linká-lo".
Um abraço pra você.
Adelino, desta vez é do fundo do baú! DKW 60, Seleções do Reader´s Digest, e só um engenheiro para levar o código no porta luvas. E as luvas?
Abraços.
Grande Eduardo, bem lembrado: DKW 60, Seleções do Reader´s Digest, porta-luvas... É verdade. E as luvas? E ele ainda usava régua de cálculos...
Sobre a revista Seleções, pretendo postar alguma coisa a respeito. Foi por ela que eu e esse meu irmão do DKW aprendemos a ler, sob a batuta de uma nossa irmã mais velha, rigorosa, com uma régua de madeira na mão. Ficávamos soletrando aquelas palavras miúdas que falavam de tudo, da guerra, das piadas de caserna, rir é o melhor remédio, meu tipo inesquecível, que eram algumas de suas melhores seções.
Abração, Fernando.
VALTER, veja só:
"(...)Cheguei aqui através do Valter Ferraz. Um bom dia!" (Sonia)
E eu fiz a maior confusão: a Sonia disse que chegou no meu blog por sua sugestão, e não da Anna, a quem fiz alusão num comentário anterior.
Na verdade, você também é um amor de pessoa... Ficou pior a emenda do que o soneto, ou deixo assim mesmo? Foi pura distração.
Grande abraço
Obrigada Adelino! Quero ver qualquer dia a foto de seu carro antigo. Vou "linká-lo" também.
Até mais.
Sonia, visitei seu blog e senti que a minha responsabilidade é/será grande. Já linkei você, e agradeço por ter feito o mesmo comigo. Obrigado, fiquei muito honrado.
Cordiais saudações.
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