TRIBUNA DA IMPRENSA - Rua do Lavradio, 20
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Os editoriais assinados por Lacerda (nem sempre de autoria dele), e as reportagens denunciando corrupção em diversos órgãos do Governo Vargas, culminaram com a tentativa de assassinato do jornalista em frente ao prédio em que morava, na Rua Toneleros, Copacabana, em 05/08/1954. Lacerda escapou com ferimentos, mas o oficial da Aeronáutica, Rubens Vaz, que o acompanhava, faleceu. Descobriu-se que o atentado tinha sido tramado no Palácio do Catete pela guarda pessoal do presidente, fato que serviu para acirrar ainda mais os ânimos da oposição. Acuado, Vargas, que segundo os historiadores já em 1930 tinha demonstrado tendência ao suicídio, atirou contra o próprio peito, na manhã de 24/08/1954, após retirar-se de uma reunião ministerial muito tensa. Anunciada a sua morte, governistas invadiram e empastelaram a sede da Tribuna da Imprensa, bem como incendiaram carros de entrega do jornal O Globo, órgão também de oposição.
Bem, mas não é propriamente disso que eu queria falar, mas da foto que consegui “clicar” há uns dez anos da sede daquele, matutino ainda em circulação nos dias de hoje. Lembramos que Lacerda era chamado por seus adversários de Corvo do Lavradio, e o seu jornal, o “lanterninha” dos jornais do Rio. Para desespero de seus adversários, Carlos colocou o desenho de uma lanterninha ao lado do nome do jornal, bem como aceitou de bom humor o apelido de corvo, Corvo do Lavradio, da Rua do Lavradio.
Além da Feira de Antiguidades que se realiza na Rua do Lavradio, Rio de Janeiro, existe ali um prédio antigo, que de tão histórico talvez merecesse até ser tombado pela Prefeitura. Refiro-me ao prédio do jornal Tribuna da Imprensa. Eis um pouquinho de sua história: o combativo ex-deputado, jornalista Carlos Lacerda, assinava no Correio da Manhã a coluna “Da Tribuna da Imprensa”. Afastado daquele jornal no qual trabalhou de 1946 a 1949, manteve o direito de uso do nome da sua coluna fundando a Tribuna da Imprensa, em 27/12/1949.
Os editoriais assinados por Lacerda (nem sempre de autoria dele), e as reportagens denunciando corrupção em diversos órgãos do Governo Vargas, culminaram com a tentativa de assassinato do jornalista em frente ao prédio em que morava, na Rua Toneleros, Copacabana, em 05/08/1954. Lacerda escapou com ferimentos, mas o oficial da Aeronáutica, Rubens Vaz, que o acompanhava, faleceu. Descobriu-se que o atentado tinha sido tramado no Palácio do Catete pela guarda pessoal do presidente, fato que serviu para acirrar ainda mais os ânimos da oposição. Acuado, Vargas, que segundo os historiadores já em 1930 tinha demonstrado tendência ao suicídio, atirou contra o próprio peito, na manhã de 24/08/1954, após retirar-se de uma reunião ministerial muito tensa. Anunciada a sua morte, governistas invadiram e empastelaram a sede da Tribuna da Imprensa, bem como incendiaram carros de entrega do jornal O Globo, órgão também de oposição.
Bem, mas não é propriamente disso que eu queria falar, mas da foto que consegui “clicar” há uns dez anos da sede daquele, matutino ainda em circulação nos dias de hoje. Lembramos que Lacerda era chamado por seus adversários de Corvo do Lavradio, e o seu jornal, o “lanterninha” dos jornais do Rio. Para desespero de seus adversários, Carlos colocou o desenho de uma lanterninha ao lado do nome do jornal, bem como aceitou de bom humor o apelido de corvo, Corvo do Lavradio, da Rua do Lavradio.
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Foto de Adelino P. Silva
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28 Comments:
Que delicia ver tudo isso aqui, sou fã de passear nos finais de semana por esses belos lugares e saber de suas histórias, amo meu Rio.
lindo findi
beijossssssssss
Adelino, de volta com força total.
Isto é história do Brasil, vale a pena lembrar.
E o prédio é realmente muito bonito.
Um abraço
Adelino,
Adoro esses relatos. Cresci em família de comunistas, o Lacerda. é claro, sempre foi odiado lá em casa. É bom relembrar fatos que ouvi tanto contar.
Abração
É isto mesmo, Márcia. Quando a Capital do Brasil era aqui no Rio, éramos o centro das atenções de todo o país. As pressões populares sobre os governantes e políticos eram incrivelmente maiores pela proximidade física. O Palácio do Catete ali,quase no meio da rua, com autoridades entrando e saindo à vista da população. O Palácio Tiradentes, próximo à Praça Quinze, e o Monroe (Senado Federal) eram outros exemplos. E os Ministérios todos pelas cercanias do Castelo e Praça XV.
É muito interessante sim um passeio por todos esses lugares.
Bom fim de semana.
Beijos
Por mim estes prédios todos seriam tombados, Anna, se é que ainda não foram. Pena que geralmente abrigam órgãos governamentais ou privados que logo instalam aparelhos de ar condicionado, elevadores, antenas parabólicas etc, mas fazer o quê?
Grande abraço
Lord, Carlos Lacerda, independente de suas posições ideológicas foi uma figura extraordinária. Tive a honra de vê-lo em comícios (inclusive naqueles feitos em cima de um caminhão, proibido que fôra por JK de falar no rádio e na TV). Tive a honra de votar nele para governador.
Ele se incompatibilizou com o PC por causa de umas declarações mal interpretadas pelos seus correligionários. A partir daí foi execrado pelos comunistas.
Ele tinha uma visão incrível do futuro, por isso muitas vezes foi mal compreendido.
Lacerda é um típico caso de "amar ou odiar", ninguém fica indiferente a ele.
Grande abraço.
Adelino, não vou comentar nada hoje.
Passando prá te deixar um abraço!
Adelino, maravilhoso. É bom mostrar coisas bonitas para que pessoas de outros estados possam conhecer também. Beijocas
Adelino, gosto de saber destes acontecimentos...isso faz parte de nossa historia.
bjs
Adelino, uma boa semana prá você.
Um abraço.
Adelino, onde está você, passei aqui só prá te ver!
Adelino, foi bom ter lembrado ao Lord que o Carlos foi comunista.E dos bons. Tanto assim que percebeu a impropiedade da ideologia, e se voltou com toda sua inteligencia contra ela.Viveu muitos anos à frente de seu tempo.Era um gênio.Orador, sem par, até hoje. Escritor e editor, além de pintor amador!Precisa mais? Forte abraço.
Olá, Valter, muito obrigado. O meu Virtua 4Mb etc. ficou "pirado" (e ainda está um pouco) desde sábado de manhã. Consertou-se "sozinho" e hoje resolveu dar o ar da graça. Não tenho explicações. Mas tudo bem.
Grande abraço pra você.
Certo, Yvonne, como disse ao Valter, deu pane por aqui no Virtua. Eu sou um Net...
Vamos continuar falando do nosso Rio de Janeiro que tem muita coisa boa para ser contada e mostrada.
Beijos
Ok, Meire. O que mais gosto é ler sobre os bastidores desses fatos que de uma forma ou de outra vivenciamos participando ou não diretamente deles. Obrigado pela sua presença.
Beijos
Anna, desculpe-me pelo atraso, mas bom resto de semana pra vocês também. Já expliquei ao Valter o problema que surgiu aqui no meu "espaço aéreo"... Já tinha cansado de reclamar, até que a coisa "consertou-se" sem maiores explicações.
Grande abraço
Então, Valter, explicações dadas, vamos ver se não volta a se repetir.
Abração
Eduardo P.L., pelo que disse, o Lord sabe que o Lacerda foi comunista. Além de tudo aquilo que você falou, ele tinha uma sensibilidade muito grande. Era um exímio conhecedor de rosas, que cultivava com muito amor no seu sítio no Rócio.
Outro dia fiquei sabendo de um fato muito curioso: ele foi namorado de artista americana Shirley Mac Laine. Apaixonaram-se quando ele lá esteve fazendo umas reportagens para a revista Manchete.
Eu tenho uns dez livros sobre ele ou dele. E uma raridade: um disco LP contendo num lado o discurso que fez na Convenção partidária na qual a UDN decidiu apoiar a candidatura de Jânio Quadros. No outro lado, ele fala, declama um texto muito bonito chamado Rio, Cidade Indômita. Excelente.
Um abração
Adelino, paixões foi outro "mérito" desse grande orador e lider da UDN. Conheci e viajei com ele algumas vezes, em campanha. Eu era lider estudantil, à época e secretário particular do Presidente da UDN, deputado federal Herbert Levy. Trabalhava de dia e estudava a noite. Tenho um opúsculo com prefácio do Carlos. Nunca contei isso aqui na blogosfera,e que fique entre nós, pois nostalgia, puxa nostalgia! Forte abraço.
Eduardo P.L., além de suas qualidades indiscutíveis em todos os campos de atividade, Lacerda sabia se cercar de grandes colaboradores. E enxergava além do seu tempo. Muitos tentaram imitá-lo, mas ninguém conseguiu. Era inteligência demais, coisa rara nos políticos e administradores públicos de hoje.
Felizmente o tempo e a História começam a lhe fazer justiça.
Grande abraço, voltaremos ao assunto.
Eduardo, um opúsculo com prefácio do Lacerda? Carái! você então já deu suas "bicadas" na política também? Essa eu não podia nem imaginar!
Abraço/
Adelino, tudo explicado então!
Abraço para vc também!
Valter, estou pensando em fazer um post sobre a minhas dificuldades técnicas em colocar comentários nos blogs dos amigos. Chego a desistir de esperar. Tudo começou quando resolveram modernizar o Bblogger. E piorou ainda mais quando resolveram (a NET aumentar a velocidade (sei lá) do meu modem: de 2 para 4Mb. Pode nem ser isso, mas é uma lástima.
Quanto ao Carlos Frederico Werneck de Lacerda, Valter, acho que ele foi um dos poucos, se não o único político do qual se lhe tirassem essa condição de político, restaria ainda muitas altíssimas qualidades. Escritor, tradutor, jornalista, editor, administrador, educador (poliglota), disciplinador, grande orador, etc. etc. E é considerado até pelos seus mais entusiásticos adversários como o melhor governador que o Rio já teve. Ele tinha alguma coisa do Jânio,mas sem ser Jânio. Às duas da manhã ligava para o Secretáriode Obras para visitar uma obra importante, um hospital.
Não quero defender o caro Eduardo, mas com o Carlos não tinha isso de "bicar". Conheci outros colaboradores do "homem", tudo gente de alto gabarito.
Valeu, Valter, um abração.
Adelino, obrigado pela não defesa, mesmo porque não acredito que o Valter tenha dito BICAR no sentido pejorativo.Minha participação político- estudantil, tinha os ares da juventude e idealismo próprio dessa idade. Quando amigos, e o partido me convidaram para me candidatar a vereador pela cidade de São Paulo, agradeci, recusei o convite e me desliguei completamente da atividade, que hoje me faz chorar de tristeza e horror! Parabéns por defender uma figura impar e proba na história política e cultural recente, e exatamente por isso, muito ideologizada. Mas a verdade esta com você.Quem viver verá!
Eduardo, o Valter usou essa gíria lá de Araçatuba, Guará, Delta, Igarapava, Uberaba mesmo, e Mongaguá, que em outras regiões têm significados diferentes, por isso a nossa "defesa" do Lacerda e, indiretamente, também da sua atuação como auxiliar dele.
Gosto de provocar o Valter, que ultimamente anda irritado com a Sociedade Esportiva Palmeiras...
Grande abraço.
O corvo realmente tinha uma visão muito nítida do nosso futuro: era um mentiroso arrogante e de moral corrompida como são 90% de nossos atuais governantes.
Eu hoje aos 80 anos de vida,morei no extinto morro de santo Antônio, conheci de perto,Carlos Lacerda, meu falecido pai também não gostava dele o corvo da rua do lavradio,eu estudava na escola Celestino Silva, não tinhamos água encananda,nem energia elétrica..mas na medida do possível, vivíamos relativamente bem!
Pois é, meu caro anônimo. Se em 2007, portanto há 14 anos você já falava em corrupção, imagina o que diria dos nossos governantes de um pouco mais recentes.
E me desculpe por somente hoje ter visto seu comentário.
Um abraço.
Lu, gostei do seu comentário/depoimento. Realmente Carlos Lacerda tinha uma personalidade tão forte que por vezes não se fazia entender. Era amado ou odiado, não tinha meio termo.
Se não me engano a Escola Celestino Silva é aquela que fica ou ficava numa das esquinas da Lavradio, bem próximo à TRIBUNA DE IMPRENSA, não? Hoje ali funciona nos primeiros sábados de cada mês uma feira de antiguidades. Muito grato pelo seu comentário.
Abs
Uma explicação: de uns tempos para cá, ao invés de sair meu nome nas respostas aos comentários, está saindo a palavra Anônimo, o que confunde um pouco. Deve ser algum engano que procurarei corrigir, embora seja um blog praticamente inativado. Mas de vez em quando venho por aqui matar as saudades.
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