27 março 2007

ECLIPSE TOTAL DO SOL EM UBERABA

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Um eclipse total do Sol ia acontecer em maio de 1947. Devido a sua situação geográfica o Triângulo Mineiro era uma região privilegiada para a observação do fenômeno. Cientistas de diversos países do mundo se instalaram em Uberaba, mas os soviéticos optaram por se hospedar no Grande Hotel da vizinha cidade de Araxá. A preferência dos “russos”, diziam, ia além do conforto que teriam no luxuoso hotel do Barreiro. O boato era de que eles, na verdade, pretendiam comprovar a existência de jazidas de urânio no subsolo de Araxá. Urânio era o metal usado na fabricação da bomba atômica, arma que há dois anos havia arrasado as localidades japonesas de Iroshima e Nagazaki. A "guerra quente" acabara, mas a “guerra fria” URSS-USA estava apenas começando.
Esqueçamos, porém, os “russos” e americanos e vamos ao “nosso” eclipse. Lembro-me como se fosse hoje: eram nove e quinze da manhã de um mês de maio que se em Uberaba por natureza já é muito frio, naquela estava mais frio ainda, quase gelado. O dia, que amanhecera com muita neblina, ia ficando escuro rapidamente. Fui ao quintal. As aves recolhiam-se aos seus abrigos pressentindo a “noite” que chegava. Minha irmã me chamou para ver as lâmpadas dos postes das ruas João Pinheiro e Silva Jardim se acendendo, e alguns carros já transitando com os faróis acesos. A minha emoção de criança era tanta que fazia o frio ficar mais intenso ainda, mas a “noite muito escura” durou de dois a três minutos, e aos poucos o bonito e raro espetáculo ia se encerrando e a vida na cidade foi voltando ao normal.Já adulto, observei outros eclipses do Sol e da Lua, assisti e fotografei (por sorte) o Cometa Bennett cruzando os céus de Belém do Pará no final de uma linda madrugada de 1970­.
Entretanto, nenhum outro espetáculo da natureza teve o esplendor, o encanto e a magia daquele que presenciei na gélida manhã de 20 de maio de 1947 na minha querida cidade natal de Uberaba, Triângulo Mineiro, Minas Gerais.
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(Imagem editada da Internet)
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25 Comments:

Blogger valter ferraz said...

Adelino, nunca havia "presenciado" um eclipse solar ou lunar. Êsse último que teve, lunar a gente conseguiu acompanhar bem, acho que devido à nossa localização. Aqui em Mongaguá o céu fica muito aberto, não temos obstáculos.
Cometa, eu nunca ví.
Um abraço forte

quarta-feira, março 28, 2007 6:32:00 AM  
Blogger O Meu Jeito de Ser said...

Adelino,é imprssionante como prá nós, qualquer coisa era motivo de alegria naquele tempo né?
Me lembro que em datas de eclipse ficávamos no quintal, cada um dos irmãos com um caco de garrafa escuro, olhando prá cima,porque nossos pais diziam que olhar para o céu em situações como essa, a olho nú, ficaríamos cegos.
Bom já tínhamos o hábito de acreditar em tudo que eles nos diziam, não seria numa situação como essas, que não fossem os cacos,nossos olhos choravam e ardiam pela luz.
Fatos marcantes em nossas infâncias.
Um abraço

quarta-feira, março 28, 2007 8:08:00 AM  
Blogger Yvonne said...

Adelino, nunca vi um eclipse. O último que teve por aqui, eu simplesmente me esqueci na hora. Foi uma pena. Beijocas

quarta-feira, março 28, 2007 10:35:00 AM  
Blogger Yvonne said...

Adelino, acabei de linkar você no meu blog atual. O outro vou deixar para depois. Beijocas

quarta-feira, março 28, 2007 11:48:00 AM  
Blogger Denise S. said...

que coisa legal, Adelino! Nunca vou me esquecer do Cometa Halley que vi numa manhãzinha em Poços de Caldas. Essas coisas a gente não esquece.

quarta-feira, março 28, 2007 5:11:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

VALTER, naquele caso, o que mais me impressionou mesmo foi a escuridão, o dia se transformando em noite num espaço de poucos minutos. Havia muita neblina na cidade, mas o céu estava claro, pois eram nove horas e alguns minutos.
Grande abraço

quarta-feira, março 28, 2007 6:09:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

ANNA, eu acho interessante como você também tem boas recordações dessas coisas simples da infância/juventude. Quantas crenças nos passavam, superstições, conselhos. Mas esta de proteger os olhos com negativo de filme ou casco de garrafa escuro para observar os eclipses tinha/têm a sua razão de ser, pois realmente os raios solares observados diretamente prejudicam a retina.
Abraços, Anna.

quarta-feira, março 28, 2007 6:19:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

YVONNE, muitas vezes, observar as reações das pessoas aos eclipses é mais interessante do que propriamente observá-lo. Tinha gente que pensava que o mundo ia se acabar, estocava mantimentos, viajava para longe...
Beijos

quarta-feira, março 28, 2007 6:30:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

YVONNE, obrigado por linkar-me...

Por favor, corrija: "propriamente observá-loS"...
Bjs

quarta-feira, março 28, 2007 6:38:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

DENISE SOLLAMI, é difícil mesmo esquecer. Este eclipse sobre o qual fiz o post eu não o esqueci jamais, por dois motivos:
1 - Pelo fato de aquela região ter sido privilegiada pelo chamado cone de sombra gerado eclipse;
2 - Dia do aniversário (20/05)de minha irmã, a mesma (graças a Deus entre nós) que me chamou à janela para ver a rua com as luzes dos postes acesas e os carros com os faróis acionados...
Valeu, Denise.
Abraços

quarta-feira, março 28, 2007 6:45:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Peço-lhes desculpas pelos erros, porque o meu VISUALIZAR demora 10 minutos para permitir uma "visualização". Do jeito que escrevo mando. E, pra variar, somente depois de "publicado" é que enxergo os erros...
Adelino

quarta-feira, março 28, 2007 6:49:00 PM  
Blogger Lord Broken Pottery said...

Adelino,
Os olhos infantis emolduram qualquer espetáculo tornando-o mais bonito. É como a comida que se come na casa materna, jamais encontrei melhor. Até hoje, adulto, me empanturro nos almoços que minha mãe prepara. E ela, extamente como fazia, preocupa-se com a quantidade: De vagar com o andor, menino, você vai acabar passando mal!
Grande abraço

quinta-feira, março 29, 2007 5:11:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino querido, que bom poder estar aqui, reparou que eu não vinha deixar olá? pois é...perdi seu endereço e você não deixa por lá, me desculpa tá?
O último eclipse eu estava em São Paulo e o vi admirada sem saber o que estava acontecendo, acredita?Depois que soube tratar-se do eclipse,rss
Mas as imagens de antigamente são ainda as mais fortes na lembrança...Lindo final de semana
beijossssssssss

quinta-feira, março 29, 2007 5:41:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino, você é uma "enciclopédia'!!

quinta-feira, março 29, 2007 6:15:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

LORD BROKEN, é uma grande verdade você disse. Quando crianças temos pontos de vista totalmente diferentes dos adultos. Até coisas materiais como uma rua ou uma árvore que achávamos largas ou gigantescas, quando crescemos nos parecem estreitas e pequenas.
O mesmo acontece com os problemas pequeninos, sem importância alguma que se nos agigantam, nos assustam, parece-nos impossíveis de solução. E depois compreendemos que não eram nada daquilo. Assim como também encontramos em coisas ou fatos aparentemente insignificantes motivos de muita alegria e deslumbramento.
Grande abraço.

quinta-feira, março 29, 2007 8:50:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

MÁRCIA(clarinha), eu reparei sim a sua ausência nos comentários. Mas nada de pedir desculpas, isto acontece.
Quanto aos eclipses, Márcia, muitas vezes observar a reação das pessoas ao fenômeno é mais interessante do que o próprio, que - na essência - é sempre a mesma coisa. Aquele de 1947 foi total, ou seja, o chamado cone de sombra estava bem naquela região, então ficou escuro mesmo, anoiteceu, tanto que até as aves procuraram seus abrigos.
Beijos, e obrigado.

quinta-feira, março 29, 2007 9:05:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

ERY, "enciclopédia" eu? Não mesmo, claro. Talvez seja bom em me lembrar dos detalhes da minha infância. E muito sinceramente, gostaria de ter o domínio das palavras como você tem, Ery.
Grande abraço

quinta-feira, março 29, 2007 9:11:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

São momentos raros, Adelino, que nunca iremos nos esquecer. Estou tentando me lembrar de uma cena de um filme de Woody Alen, em que a tia acorda o sobrinho no meio da noite para que ele não perca um eclipse (ou algum outro espetáculo da natureza, sei lá). Foi comovente. Se não me engano, foi no filme "A era do rádio". Você não é só uma enciclopédia, meu caro, você é testemunha ocular de grandes acontecimentos!
Beijos.

domingo, abril 01, 2007 12:23:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Helô, eu conheço o filme. A atriz principal é a Mia Farrow (filha da linda Maureen O´Sullivan, a Jane "original"). Eu o gravei da Tv em VHS, e se estiver em boas condições ainda, passá-lo-ei para DVD.
Quanto à facilidade de recordar coisas do tempo de menino, Helô, não sei bem, mas talvez seja uma característica de criança tímida, sentimental, sonhadora, qualidades (?) às quais mais tarde se junta o romântismo, o que pode ou não ser bom pra ele. Vivencia os acontecimentos com muito mais intesidade do que os extrovertidos, pelo menos assim me parece.
Beijos

domingo, abril 01, 2007 2:33:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adelino, obrigada pela dica. de fato o que preciso agora eh distracao.

Esses fenomenos natural causam de fato muito mais efeito na gente quando somos criancas nao eh mesmo ? E os eclipses, principalmente os do Sol, sao coisas de tirar o folego.

O eclipse total do Sol sempre eh mais emocionante na minha opiniao porque da uma sensacao que de fato algo esta acontecendo... uma sensacao estranha de vulnerabilidade diante de tamanha imensidao. Coisas que estamos tao acostumados a acontecer igualzinho todos os dias de repente muda seu curso. Eh incrivel ! Perder o sol quando contamos com ele todos os dias eh realmente desolador.

beijos
Lys

sexta-feira, março 14, 2008 7:45:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Lys, apesar de atrasado, agradeço o seu belo comentário.
Beijos

sábado, abril 19, 2008 11:09:00 AM  
Anonymous Maria das Graças. said...

Adelino, lindas lembranças ficaram de sua infancia!
Não importa o quão efêmero seja um eclipse, mas ele é mágico e especial.
Nunca entendemos, como um corpo celeste possa ser envolvido por uma sombra, mas a imaginação de uma criança vai longe...longe!
Foi uma pena ter nascido nove meses depois deste eclipse total.
Gostei da narração.
Maria das Graças.

sábado, maio 16, 2009 9:42:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Maria das Graças, pelo que entendi, você nasceu nove meses depois do eclipse, ou seja, em fevereiro/1948. Paradoxalmente, quatro anos depois, revendo o meu blog, aqui venho agradecer seu ótimo comentário.
Um abraço.

segunda-feira, abril 22, 2013 6:43:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Maria das Graças, pelo que entendi, você nasceu nove meses depois do eclipse, ou seja, em fevereiro/1948. Paradoxalmente, quatro anos depois, revendo o meu blog, aqui venho agradecer seu ótimo comentário.
Um abraço.

segunda-feira, abril 22, 2013 6:44:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Este comentário foi removido pelo autor.

segunda-feira, abril 22, 2013 6:44:00 PM  

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