20 julho 2009

ACREDITAR OU NÃO (20/07/1969)

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Certa vez passei uma meia hora dialogando com um senhor que defendia a idéia de que os americanos não tinham “descido na Lua". Eu argumentava que existiam as fotos e as imagens de TV para provar. E que se não fosse verdade os soviéticos, então ferozes inimigos dos americanos, teriam sido os primeiros a denunciar ao mundo o que seria um embuste do Tio Sam... Eu já tinha desistido de prosseguir naquela questão, porém a coisa ficou clara quando ele disse:

- "Bem, que os americanos foram até a Lua e desceram na sua superfície, eu acredito. O que eu não acredito é que tenham descido “na Lua", ou seja, para o interior dela, para as suas profundezas, porque para isso precisariam ter cavado uma imensa cratera e por ela penetrado no subsolo lunar..."

Foi então que entendi estarmos falando a mesma linguagem com pontos de vista diferentes, mas tão próximos: o "descer na Lua" significava para ele "o já estando na Lua, descer para o interior dela". Hoje vejo que existem os que ainda não acreditam...
PS - A própósito, tínhamos um colega de trabalho cujo casamento foi realizado exatamente em 20/07/1969. Numa brincadeira coletiva, passamos um "Western" pra ele nos seguintes termos: "Tenha uma feliz alunissagem no seu Mar da Tranquilidade". Se teve, não sabemos. E nem lhe perguntamos...
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Imagem: Google
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15 julho 2009

LIVRE - Tertúlia Virtual (15/07/2009)

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Recorro novamente às memórias do meu tempo de criança para não faltar à reunião do Tertúlia, uma brilhante idealização dos amigos Jorge Pinheiro e Eduardo Lunardelli. Não sei se "o tema é livre" ou simplesmente "LIVRE". Os dois pontos sugerem que seja mesmo "LIVRE".
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Morávamos numa pequena cidade do interior. Hoje é uma "metrópole"... Criança ainda, ansioso por chegar em casa depois das aulas, eu cortava caminho entrando diretamente no seu imenso quintal, entre mangueiras, goiabeiras, laranjeiras, jabuticabeiras... Paralelo ao fundo dos terrenos separando as duas ruas principais tinha um riacho de águas límpidas que chamávamos “córrego”. Canalizado pelo “progresso” passou a se chamar “avenida”.

Foi ali que certo dia eu encontrei caído junto a um arbusto um bonito sabiá-laranjeira. Aproximei-me devagar. Ainda respirava, seu coraçãozinho batia célere. Ferido gravemente numa das asas, ele não se incomodou quando o envolvi cuidadosamente no guardanapo onde embrulhava o lanche da escola...
Cuidei dele aplicando-lhe água oxigenada, esparadrapo, tudo o que pude e o que sabia fazer. Dei-lhe água, pedacinhos de arroz cozido, alface, alpiste e até um grão de feijão amassado... Aos poucos ele foi se recuperando.

Todo dia, eu vinha rápido da escola, brincava com ele, tentava ensiná-lo a cantar, coisa que não sabia fazer ou tinha desaprendido.
Tornara-se meu amigo, era isso o que passava pelo meu espírito de menino de sete, oito anos. Despreocupado quanto a sua possível fuga, improvisei-lhe um bom abrigo numa parede de tijolos vermelhos do quintal próximo à cozinha da casa.

Entretanto, uns dez dias depois veio a grande decepção: quando me aproximei dele, o “meu amigo” voou célere, elegante, "cheio de saúde" para o muro mais próximo. Cantou timidamente, quem sabe traduzindo em sua linguagem um "adeus, muito obrigado". E alçou vôo para o alto das árvores vizinhas.

Fiquei muito triste por uns dias. Achei aquilo uma grande ingratidão. Com o passar do tempo compreendi que, na verdade, ele não queria nada daquilo que eu lhe proporcionava. Desejava mesmo era viver entre os seus semelhantes. Enfim, ser um ser LIVRE.
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