De novo rebusco meu baú de lembranças e ali encontro a solução para o tema do Tertúlia Virtual de hoje. Pelo menos acho que encontrei: a história é real, mas o nome do personagem não é. Nem era eu, sempre tímido, sem muitas ousadias...
Início dos anos 50. Antônio, nosso amigo da terceira série do Colégio Marista, era uma boa pessoa, porém tinha um defeito irritante: ele se julgava o máximo em tudo, além de nutrir a certeza absoluta de que era "um bonitão, o tal”... Se uma garota olhasse para um grupo de quatro ou cinco rapazes do qual ele fizesse parte, certamente estaria "de olho nele, somente nele", dizia. Enfim, bom amigo, bom colega, extremamente presunçoso, porém. E mais: era chegado a usar palavras difíceis que nem ele sabia o que significavam. De vez em quando escorregava em algumas, incluindo citações em latim... Insistia, por exemplo, em falar “Dura lex “PEDE” lex” repetindo o famigerado slogan do Gumex, apesar de nossas tentativas em corrigi-lo.
Até que um dia, numa festividade no Colégio, ele foi apresentado aos pais de uma bonita menina que ele pretendia, ou melhor, "tinha certeza" de que ia namorar. Impossível escapar aos seus encantos, pensava o Antônio. Foi quando nas apresentações o pai da moça elegantemente estendeu-lhe a mão dizendo:
- “PRAZER em conhecê-lo”.
Ele, do alto de sua “nobreza”, de sua pompa e de seu convencimento, respondeu:
- “Reprise. Meu nome é Antônio.”
Seu cumprimento caiu como uma bomba no salão. “Reprise” para o Antônio era o mesmo que “igualmente”... Diante daquilo, os pais da “menina de seus sonhos" sumiram da festa para outra dependência do colégio levando, óbvio, a filha com eles. Nunca mais se viram...
No caso, lamentavelmente para o nosso vaidoso amigo Antônio, a simples palavra de seis letras “PRAZER”, tão significativa, tinha provocado um estrago irreparável em sua imagem de galã à moda antiga...
No ano seguinte ele foi morar em outra cidade. E nunca mais ouvimos falar nele ou dele.
Missão cumprida, Eduardo?! Espero que sim...