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Em 1945, terminada a II Guerra Mundial, Vargas foi deposto após quinze anos no poder. A tão prometida eleição foi realizada no dia 2 de dezembro daquele ano. Um clima festivo, descontraído, tomou conta do país. Nós, crianças, até brincávamos de eleições, com direito a “cédulas”, “urna” de caixa de sapato, contagem de “votos”. Recordemos um pouco de como era uma eleição em 1946:
CÉDULA - A cédula continha nome do candidato, cargo para o qual concorria e a sigla do partido; por exemplo: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)... Uma cédula para cada cargo e candidato, impressa em papel branco retangular de aproximadamente 5x8cm. Voto não vinculado.
VOTAÇÃO - Para exercer o “sagrado direito” do voto, o eleitor colocava as cédulas dos candidatos escolhidos dentro de um envelope branco que lhe era fornecido pelo mesário no instante da votação. O eleitor fechava o envelope, colava e o depositava numa urna de madeira. Tudo muito secreto...
DESCUIDADOS - Era grande a possibilidade de fraude. Eleitores distraídos ou ingênuos corriam o risco de ter suas cédulas trocadas ou anuladas na própria fila de votação. Moças – às vezes até por mera brincadeira – trocavam as cédulas de jovens eleitores que por elas encantados distraiam-se. E seus votos iam para o lado contrário... Outro recurso das meninas era o de “beijar” as cédulas marcando-as com batom vermelho ou perfurando os “votos” com grampos de cabelo...
O “ESCRUTÍNIO” - Demorava semanas. As cédulas já apuradas eram enfiadas numa haste metálica do tipo das usadas nos antigos escritórios (uma espécie de prego para segurar papéis) Então, no caso de uma cédula aparecer perfurada na mesa da apuração, de nada valeria, pois presumivelmente já teria sido "contada".
INDIGNAÇÃO - Um primo de minha mãe, contavam, muito politizado (mas não político), honesto, quase foi detido na cidade vizinha em que morava. Percebendo fraude na eleição, revoltado, não deixou por menos: pegou a urna e jogou-a para o alto. A “caixa” se partiu e, ainda segundo a "lenda", "votos" voaram pela cidade para a alegria da “petizada”. Felizmente os tempos eram outros.
MÁQUINAS DE VOTAÇÃO – A tecnologia avançada chegou às eleições. Hoje é mais simples, seguro. A rapidez da contagem e divulgação dos resultados desestimulam qualquer tentativa de modificar alguma coisa. As pesquisas que antecedem as eleições, principalmente a de "boca de urna" - no meu entender - contribuem em muito para essa segurança. Pouquíssimos resultados são contestados hoje em dia.
2008/SEGUNDO TURNO - Depois de amanhã, domingo, é dia de eleições. Desejamos uma feliz e tranquila votação para os que tiveram o privilégio de um segundo turno. Nem sempre o candidato que vence consegue fazer o melhor. Mas torçamos para que os novos prefeitos sejam felizes, pois assim a vitória pertencerá a todos indistintamente. Em 1946 era comum dizer-se, quase como um cumprimento: "Vote bem". Então, que votem bem...
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Imagem:Google
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