24 outubro 2008

ELEIÇÕES 2008

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Em 1945, terminada a II Guerra Mundial, Vargas foi deposto após quinze anos no poder. A tão prometida eleição foi realizada no dia 2 de dezembro daquele ano. Um clima festivo, descontraído, tomou conta do país. Nós, crianças, até brincávamos de eleições, com direito a “cédulas”, “urna” de caixa de sapato, contagem de “votos”. Recordemos um pouco de como era uma eleição em 1946:
CÉDULA - A cédula continha nome do candidato, cargo para o qual concorria e a sigla do partido; por exemplo: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)... Uma cédula para cada cargo e candidato, impressa em papel branco retangular de aproximadamente 5x8cm. Voto não vinculado.
VOTAÇÃO - Para exercer o “sagrado direito” do voto, o eleitor colocava as cédulas dos candidatos escolhidos dentro de um envelope branco que lhe era fornecido pelo mesário no instante da votação. O eleitor fechava o envelope, colava e o depositava numa urna de madeira. Tudo muito secreto...
DESCUIDADOS - Era grande a possibilidade de fraude. Eleitores distraídos ou ingênuos corriam o risco de ter suas cédulas trocadas ou anuladas na própria fila de votação. Moças – às vezes até por mera brincadeira – trocavam as cédulas de jovens eleitores que por elas encantados distraiam-se. E seus votos iam para o lado contrário... Outro recurso das meninas era o de “beijar” as cédulas marcando-as com batom vermelho ou perfurando os “votos” com grampos de cabelo...
O “ESCRUTÍNIO” - Demorava semanas. As cédulas já apuradas eram enfiadas numa haste metálica do tipo das usadas nos antigos escritórios (uma espécie de prego para segurar papéis) Então, no caso de uma cédula aparecer perfurada na mesa da apuração, de nada valeria, pois presumivelmente já teria sido "contada".
INDIGNAÇÃO - Um primo de minha mãe, contavam, muito politizado (mas não político), honesto, quase foi detido na cidade vizinha em que morava. Percebendo fraude na eleição, revoltado, não deixou por menos: pegou a urna e jogou-a para o alto. A “caixa” se partiu e, ainda segundo a "lenda", "votos" voaram pela cidade para a alegria da “petizada”. Felizmente os tempos eram outros.
MÁQUINAS DE VOTAÇÃO – A tecnologia avançada chegou às eleições. Hoje é mais simples, seguro. A rapidez da contagem e divulgação dos resultados desestimulam qualquer tentativa de modificar alguma coisa. As pesquisas que antecedem as eleições, principalmente a de "boca de urna" - no meu entender - contribuem em muito para essa segurança. Pouquíssimos resultados são contestados hoje em dia.
2008/SEGUNDO TURNO - Depois de amanhã, domingo, é dia de eleições. Desejamos uma feliz e tranquila votação para os que tiveram o privilégio de um segundo turno. Nem sempre o candidato que vence consegue fazer o melhor. Mas torçamos para que os novos prefeitos sejam felizes, pois assim a vitória pertencerá a todos indistintamente. Em 1946 era comum dizer-se, quase como um cumprimento: "Vote bem". Então, que votem bem...
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Imagem:Google
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19 outubro 2008

DESAFIO: OITO SONHOS...

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A EUGÊNIA FRANCO me convidou para participar de uma "brincadeira" na qual deverei:
1) Relacionar oito sonhos que terei de realizar antes de “me encontrar” com o Criador;
2) Convidar oito amigos blogueiros para atender ao mesmo desafio...
3) Comentar no blog dos amigos “convidados”...

Não sei se tenho tantos sonhos a realizar. Acho que não conseguirei relacionar três, muito menos oito.... Em todo caso, como não fujo a responsabilidades, vejamos os meus:
1 - Visitar a minha cidade natal onde passei minha infância e parte da adolescência é um deles. Este sonho tem desdobramentos: rever o Grupo Escolar em que fiz o Curso Primário, rever o querido Colégio Diocesano... Rever as casas onde morei, sentir o cheiro das plantas e da terra vermelha... E se possível – se não for um sonho muito difícil – ser surpreendido por uma rápida e fria chuva de verão... e que consiga ver uma seriema correndo por entre a vegetação rasteira e retorcida do cerrado...
2 - O segundo sonho só com o Criador quando com Ele me encontrar um dia...
É só. Espero não ter decepcionado à amiga Eugênia, pois não tive nenhuma intenção de fugir à pergunta da sua "promoção". Passo rapidamente então a "bola' para os seguintes amigos:
Boa sorte a todos os "contemplados"... Se algum deles já foi indicado por outro amigo, fica dispensado de atender ao meu convite...

18 outubro 2008

REVISTAS DO "MEU TEMPO" - 12

----------------------------------------------------------------Este post é dedicado à nossa leitora Sonia Mascaro, do LEAVES OF GRASS, que citou a Cinemin no seu comentário no post da Cinelândia, na semana passada.
Editada pela saudosa Editora Brasil-América Ltda (EBAL), Cinemin passou por várias fases. Fui seu leitor na mais recente, por sinal, a última, já que na década de 50 eu lia e via com mais frequência Cinelândia e Filmelândia. Tive um carinho especial pela EBAL, mas não vou tratar disso agora, deixo para um futuro possível post, afinal a "estrela" de hoje é a Cinemin. O exemplar da imagem de nossa coleção - incompleta - é o de número 36 (5a. série). Preço de capa Cz$ 33,00 (cruzados), equivalente a R$ 6,00 (reais, hoje); edição relativamente recente: 1987. Na capa, Jack Nicholson, Michelle Pfeiffer, Susan Sarandon e Cher personagens do filme “The Witches of Eastwick, 1986.
Lamento, mas a Cinemin não tinha anúncios, quando muito e raramente de uma loja de souvenirs obviamente que de cinema. Vejamos o que contém o nosso exemplar do post de hoje:
1) Foto de Elvis (1937 + 1977);
2) Filmes do mês: Coração Satânico (Mickey Rourke e Robert De Niro), Por Volta de Meia-Noite, A Ladrona, Um Tira da Pesada II, As Bruxas de Eastwick (capa), Jardins de Pedra e A Banda do Paraíso;
3) A influência dos imigrantes no cinema brasileiro (reportagem);
4) Cenas do clássico filme “The Day the Earth Stood Still), com Michael Rennie, o primeiro a abordar a invasão da Terra por alienígenas;
5) A magia de Fred Astaire, ao lado de Leslie Caron, Ginger Rogers, Cid Charisse, Adele Astaire, Joan Crawford...;
6) E a estréia da seção In Memoriam, onde Gil Araújo “homenageia sempre uma figura de cinema que nos abandona para sempre”. Hoje, Rita Hayworth...
E no expediente: Editora Brasil-América Ltda (EBAL) / Diretor-Presidente: Adolfo Aizen / Diretor-Superintendente: Paulo Adolfo Aizen / Diretor Editorial: Naumim Aizen / Diretor Industrial: Fernando Albagli / Escritório, Redação e Oficina: rua Almério de Moura, 302/320 / Tel.: 580-0303 / CEP 20921 / Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Distribuidor para todo o Brasil: Fernando Chinagla.
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Imagem escaneada e composta do original por Aps
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16 outubro 2008

BLOGAGEM COLETIVA - 10 a 15/11/2008

Georgia está convidando a todos os blogueiros para a blogagem coletiva sobre adoção de crianças e adolescentes, que acontecerá de 10 a 15/11/2008. Maiores detalhes no SAIA JUSTA, da nossa amiga Georgia.

15 outubro 2008

TERTÚLIA VIRTUAL - "VOAR"

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Este post foi preparado em 45 minutos. Os dias e as horas "voam" e eu não gostaria de não participar do TERTÚLIA VIRTUAL, do nosso amigo Eduardo. Então vamos lá.

A historinha é muito simples, porém real, verdadeira mesmo. Juro que é. Aconteceu com Joel, um de nossos amigos de adolescência. Ele ia viajar para o Rio de Janeiro, ainda Capital da República, local em que tentaria o vestibular para a Escola Nacional de Engenharia, a famosa ENE, do Largo de São Francisco. Joel morria de medo de voar, por isso fomos em grupo levá-lo ao aeroporto para encorajá-lo. Chegando lá, como sempre com muita antecedência (hábito de mineiros) notamos na pequena sala de espera a presença de um rico “coronel”, conceituado fazendeiro, homem valente, acostumado a esses vôos “mais arrojados”. E, por sorte, ele ia “pegar” justamente o mesmo “aeroplano” que Joel. Alguém lhe disse:
- "Joel, faça o seguinte: como você tem medo de voar, tente sentar-se ao lado do coronel, porque ele está acostumado, é valente, vai lhe passar muita coragem, otimismo. Puxe conversa com ele." Joel se empolgou. Despediu-se de nós, embarcou cheio de coragem. O avião decolou...

Um mês depois, quem nos contava o resto da história era o próprio Joel:
- "Logo que entrei, seguindo o conselho de vocês, sentei-me ao lado do homem. Eu estava tranqüilo, calmo, afinal estava perto de uma corajosa e experiente pessoa acostumado a essas longas viagens aéreas para o Rio. Se ele não tinha medo, claro que eu também não deveria ter. Só teve um detalhe: assim que avião subiu, olhei para o lado e tremi de medo: ele fez o sinal da cruz várias vezes, puxou do bolso um terço, mais tarde um rosário e um finalmente um livro de orações... E foi rezando alto até o avião pousar no Santos Dumont... Respeito muito isso, mas confesso que quase desmaiei de medo... Meus amigos, voar nunca mais. Muito menos ao lado do coronel "amigo" de vocês... (Adelino P. Silva) -
Imagem do Google
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11 outubro 2008

REVISTAS DO "MEU TEMPO" - 11

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CINELÂNDIA, uma das duas mais populares revistas de cinema dos anos 50, ia às bancas quinzenalmente, revezando com a sua co-irmã FILMELÂNDIA. O exemplar que ilustra o post de hoje leva o número 144, primeira quinzena de novembro de 1958, ao preço de Cr$ 12,00 (aproximadamente R$ 2,80 corrigidos pelo IGP-DI, da FGV). Na capa a simpática atriz Sandra Dee, bem como chamadas para as reportagens sobre Kim Novak, Mickey Rooney, Elizabeth Taylor, Natalie Wood e outros. E os “charmosos anúncios”:

ALKA-SELTZER (para dor de cabeça, azia, má digestão e mal-estar estomacal) /DAMOSEL (Loção-colônia, extrato, pó de arroz, óleo, brilhantina) / DESTINO (uma nova revista para você, com a sensacional fotonovela Praia do Pecado...) / ESMALTE PALERMONT (e suas cores inebriantes...) / De MILLUS (ergue... prende... realça!) / LEITE DE MAGNÉSIA DE PHILLIPS (comprimidos que resolvem no local...) / LEVER (o sabonete usado por 9 entre 10 “estrelas” do cinema) / POND´S (faz uma diferença quando você está ao alcance de um beijo...) / BOBBI (único permanente “mis-em-plis” para ser feito em casa) / CHICLETES ADAMS (...a quem é bom trabalhador dá mais vigor...) / MAMEX (para a beleza do busto) / VESÚVIO (baton) (lábios que perturbam... Lábios que insinuam...) / CUTEX (Nova tonalidade Morango, com foto da Miss Brasil, Terezinha Morango) / PALMOLIVE (um banho de beleza da cabeça aos pés...).

Reportagem com o casal Newman-Woodward: “Como foi que Joanne Woodward passou de ´patinho feio´ a moça elegante e bonita; de menina tímida a ganhadora de um Oscar; de jovem que punha a carreira acima de tudo a esposa de Paul Newman”.
E no "expediente' da revista consta:

Publicação quinzenal da Rio Gráfica e Editora / Presidente: Roberto Marinho / Redação, Administração e oficinas: Rua Itapiru, 1209 / Telefone: 34-2000 / End. Telegráfico: “Globojuvenil” / Preços: número avulso Cr$ 12,00 – número atrasado Cr$ 13,00 – Assinat. Anual (24 números) Cr$ 300,00.
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Capa escaneada do original por aps
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01 outubro 2008

ECOLOGICAL DAY - 2 de outubro / 2008

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Um dos irmãos de minha mãe morava numa pequena fazenda a 72 km de distância. Chegar até lá era uma das etapas mais fascinantes do passeio, uma aventura bem ao nosso gosto de crianças da cidade... Embrenhava-se pelo cerrado triangulino em “jardineiras” e charretes. E muitas vezes à cavalo, em meio à fina poeira de cor vermelha, bem característica daquela região. Transpunham-se “mata-burros”, abriam-se porteiras, enchiam-se pneus esvaziados pelos duros espinhos das plantas à margem do caminho. Assustavam seriemas, tatus, pacas, porcos-do-mato, nhambus...

O nosso querido tio Emílio tinha uma personalidade curiosa: trabalhador, sério, pouco sorriso, porém de uma bondade comovente. Por causa de sua prole numerosa (seis meninas e três meninos) costumávamos brincar dizendo que tio Emílio tinha “povoado a região”...
Minha mãe dizia dele:
- Este meu irmão é muito “sistemático”...

Em hipótese alguma tio Emílio permitia a caça de passarinhos e outros animais dentro de sua propriedade. Manter animais em cativeiro, jamais. Gaiolas, alçapões, estilingues, espingardas de chumbinho, nem pensar. “Poluir” um riacho que com as suas águas límpidas movimentavam o antigo monjolo era algo impensável, impraticável. Uma heresia. Aliás era este um dos primeiros itens do "regulamento" que impunha ao grupo quando lá “aportávamos” por uns três dias com alguns amigos. E nós o obedecíamos, e ainda o admirávamos por essa atitude. E aprendemos muito também. Se fosse hoje certamente ele receberia um prêmio pelo seu “alto espírito ecológico”, mas naquele tempo era palavra que se existia nem era mencionada e muito menos praticada.

Um dia saímos pelas redondezas com um colega mais velho que morava na fazenda ao lado. Ele levava uma espingarda daquelas que se carrega pela boca com pólvora, sal e fragmentos de chumbo. Impossível não errar o alvo... Pois ele, para provar sua “excelente” pontaria, apontou para o alto de uma árvore e abateu um belíssimo exemplar de tucano. Tão colorido como os que víamos em nossos livros escolares. Pegou o pássaro do chão e o exibiu como se fora um troféu que acabava de conquistar. E abandonou ali mesmo a bela ave que abatera com aparente frieza. Mas não se via nele sinais de crueldade, era até pessoa de boa índole, porém ignorante. Uma espécie de humano que não se extinguiu, pelo contrário, se "aperfeiçoou". E que com o passar do tempo vem acabando na maior rapidez possível com as aves que habitam os nossos já sofridos e maltratados campos e florestas.
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QUE SAUDADE...

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Bem que tento, mas não há como afastar as saudades do grande esquadrão do Clube de Regatas Vasco da Gama dos anos 1940/1950. Época em que os técnicos ficavam à boca do túnel (e não gritando e pressionando bandeirinhas); substituições somente a dos goleiros - se contundidos seriamente -; renda e público pagante anunciados nos alto-falantes espalhados pelo estádio; jogadores permanecendo nos mesmos clubes por seis, sete anos consecutivamente; os árbitros neutros - "importados" da Inglaterra - apitando britanicamente certos: Mr. Ellis, Mr. Grifith, Mr. Sunderland, Mr. Lowe, Mr. MacPherson, Mr. Stanley Roberts, Mr Ford; balizas de madeira quadrangular, redes de barbante, "pelota" (bola) de couro marron, uniformes sem propaganda nas mangas, nas costas, na frente e nas golas...

Divaguei tanto que esqueci de falar do Vasco da Gama da foto que escaneei, um presente do saudoso sr. Batista, nosso vizinho, Conselheiro do Clube da Colina no tempo em que o seu campo de futebol ficava na Rua Moares e Silva, perto do América F.C. e do local onde seria construído o Maracanã, o então chamado Colosso do Derby. Na foto do post estão nossos ídolos Barbosa, Augusto e Wilson (Sampaio); Eli, Danilo e Alfredo (Jorge); Maneca (Nestor), Ademir, Heleno, Ipojucan (Lima) e Mário (Chico). Em seis anos essa equipe - com poucas alterações - foi campeã carioca quatro vezes (1945, 1947, 1949 - invictos ,- e 1950), Campeão dos Campeões Sul-Americanos invicto, o equivalente hoje à Copa Libertadores da América.

Muito diferente do nosso Vasco da Gama dos últimos anos que infelizmente luta apenas para não disputar a Segunda Divisão no próximo campeonato. Para quem viu ou viveu tantas glórias, dá pena e saudade...

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Foto escaneada do original por aps (clique sobre ela para ampliá-la)
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